22 de janeiro de 2025 - 23:21

Donos de Big Techs celebrando Trump reforça urgência de regulação global

Mas a questão vai muito além dos interesses defendidos pelo Tio Sam. Nas últimas semanas, assistimos donos e comandantes de Big Techs fazerem juras de amor à nova gestão, alguns por razões ideológicas, outros de forma descaradamente oportunista.

Cavam uma trincheira nos Estados Unidos para lutar contra a aspiração por regulação (ou seja, a garantia que as leis offline também sejam respeitadas no mundo online) que vem sendo debatida pelo mundo, por exemplo na União Europeia, na Austrália e no Brasil.

E, a partir daí, influenciar mudanças políticas anti-regulatórias que os impeçam de gastar dinheiro adaptando suas plataformas às necessidades de cada país. Incentivando a ascensão da extrema direita na Alemanha, por exemplo, como faz Musk.

Durante anos, as empresas defenderam que suas plataformas representavam arenas públicas onde o debate ocorre livremente e de forma equilibrada. Recente anúncio de Mark Zuckerberg levantou, inclusive, essa bandeira, dizendo que iria ampliar a liberdade de expressão em suas redes. Que isso esteja ocorrendo em detrimento a outros direitos, como a dignidade e colocando em risco grupos minoritários em direitos, é apenas um detalhe.

O relacionamento estreito das plataformas com o governo Trump aponta para um problema para a democracia, pois pode atender à vontade de um homem e seu grupo. É possível acreditar no mito da neutralidade desses espaços de debate público e, portanto, de construção e reconstrução da realidade, quando Musk usou a força de sua conta no X para eleger o novo presidente? Ou quando Zuckerberg adota o mesmo formato de discurso da extrema direita para anunciar as mudanças?

O temor para o mundo é que esse grupo que prestigiou a posse acabe atuando para as necessidades do governo de plantão. Não apenas como um Ministério da Verdade, como o do romance “1984”, de George Orwell, afinal as Big Techs vão muito além do que se imaginou para o Big Brother – o do livro de Orwell, não o do reality. A vigilância constante através delas já existe há tempos, o que avança é a sua capacidade de modelar desejos, opiniões e comportamentos.

noticia por : UOL

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