O empresário Armando Boscardin, 78 anos, é o guardião das memórias de uma das mais tradicionais empresas da cidade: a Apucarana Auto Peças. A concessionária que completa 80 anos de atividade figura entre as 10 concessionárias da Chevrolet mais antigas do Brasil, sendo a mais antiga do Paraná. Veja vídeo abaixo

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A empresa foi fundada pelo empresário João Baptista Boscardin Junior, pai de Armando, e está no mesmo endereço desde 1945. “Para você ter ideia, foi derrubada a mata aqui para construir nossas instalações. Meu pai foi visionário quando viu que esse local era estratégico pensando no futuro da cidade”, conta.

À época, Apucarana ainda estava em seus primórdios e a área urbana da cidade se limitava à região da Barra Funda. “O Lagoão era realmente uma lagoa, onde as pessoas iam caçar. Era tudo mato aqui do lado, mas meu pai sabia que a Avenida Curitiba ia crescer e que aqui ficaria em um ponto de entrada e saída da cidade”, detalha Boscardin.

O prédio onde se localiza a empresa possui ainda a mesma estrutura construída por seu fundador. As instalações receberam diversas melhorias e atualizações, mas as paredes de tijolos maciços e a fundação de pedras brutas da estrutura principal seguem as mesmas.

“Estar no mesmo local até hoje é um orgulho para mim”, orgulha-se Boscardin, que conduz a empresa junto de seus filhos.

Casado com Mariana Davantel Boscardin e pai de Amanda, Miriana e Armando, ele segue trabalhando todos os dias. E pretende seguir assim enquanto puder “Se parar, enferruja”, brinca.

Armando começou bem cedo a trabalhar no ofício de seu pai. Boscardin lembra que inicialmente, a oficina da concessionária precisava produzir muitas peças, forjando o aço nos tornos.

“Comecei a trabalhar aqui na concessionária com 11 anos, na oficina tinha um movimento muito grande. Fabricávamos até peças, pois algumas peças demoravam para chegar devido à logística, então tínhamos equipamentos para produzir aqui”, pontua.

Entre as muitas crises econômicas enfrentadas, a decorrente da Geada Negra, em 1976, quando uma forte geada que atingiu o Norte do Paraná colocou fim ao ciclo do café, ficou na memória.

“Na época da geada negra foi difícil, pois tudo era oriundo da agricultura e as pessoas não tinham dinheiro. O movimento deu uma reduzida drástica”, lembra.

No entanto, para ele, a maior transformação que ocorreu nessas décadas foi o surgimento da informática e dos serviços digitais. “Com os ciclos passando, são gerações que vão se alternando. O advento da informática foi uma grande transformação, pois antigamente era tudo no papel e hoje é quase tudo digital”, pontua.

O dinheiro também mudou, conforme o empresário. “Chegavam clientes com saco cheio de dinheiro. Como tudo era na base do café, era uma média de mil sacos de café para comprar um caminhão. Na década de 1970, surgiram os financiamentos e isso foi mudando”, conta.

Para ele, o que mudou os rumos do progresso na região foi a implantação do asfalto. “O asfalto foi uma grande mudança que alavancou o desenvolvimento de Apucarana, com o transporte foi saindo das ferrovias e passando para as rodovias”, diz.

Exemplo de longevidade, o empresário tem sua receita de sucesso: “Nós temos que acreditar na nossa cidade, acreditar no futuro e acreditar naquilo que fazemos.

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Por Louan Brasileiro