Mestre em filosofia pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o gaúcho Marco Aurélio Weissheimer escolheu o jornalismo para expressar seus pensamentos sobre a realidade do país. E, invariavelmente, seus textos eram em defesa das lutas sociais e da democracia.
Nascido em Caxias do Sul (RS), Marco era filho do também jornalista Carlos Alberto Weissheimer e irmão da jornalista e apresentadora Angélica Weissheimer, ambos já falecidos. Aos 20 anos, ele iniciou na profissão como repórter do jornal O Nacional, de Passo Fundo (RS).
A partir de então, trilhou um caminho pautado em suas convicções e trabalhou na comunicação de movimentos sociais, como o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto). Em 2001, passou a atuar em mídias digitais na Agência Carta Maior, durante a primeira edição do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS).
Naquela época, também foi tradutor e editor das primeiras edições em português do jornal francês Le Monde Diplomatique.
Na sequência, participou da fundação de novos veículos em seu estado, sempre com linhas editoriais mais progressistas. Em 2005, criou e foi editor do blog RS Urgente. Cinco anos depois, fundou o Sul21, pelo qual trabalhou por mais de uma década e se tornou sócio a partir de 2019.
Atualmente, era repórter e editor no Sul21, além de colunista do jornal Extra Classe, do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (Sinpro-RS). Em seus artigos, era duro nas críticas às mazelas do país .
“O Marco era muito doce, tranquilo. Um sujeito extremamente sensato, generoso e querido. Ele era inteligente, racional e movido por um princípio moral. Nunca abriu mão de se guiar pelo forte senso moral e politicamente sempre subordinado a isso”, diz Rodrigo Guedes, seu amigo há 35 anos.
Marco escreveu dois livros: “Bolsa Família – Avanços, Limites e Possibilidades do Programa que Está Transformando a Vida de Milhões de Famílias no Brasil” (São Paulo, Editora Fundação Perseu Abramo, 2006) e “Governar na Crise. Um Olhar Sobre o Governo Tarso Genro” (Porto Alegre, Libretos, 2017).
“Marco, grande amigo, grande figura humana, grande jornalista, lutador pelo Brasil, pela República e pela democracia. Descansa em paz!”, postou Tarso (PT), ex-governador do Rio Grande do Sul.
Em 2012, Marco foi diagnosticado com melanoma. Desde então, vinha tratando a doença, mas sem se afastar da profissão. Como forma de terapia, começou a praticar ioga e chegou a ser instrutor.
Desde dezembro, ele estava internado no Hospital Conceição, na capital gaúcha. Morreu no dia 18 de janeiro, de complicações da doença. Ele deixa a mulher, a filósofa Katarina Peixoto, a mãe, Nelci Weissheimer, e dois irmãos.
noticia por : UOL