Um fragmento quase tão grande quanto a cidade de Paris se desprendeu do maior iceberg do mundo na Antártida, um evento que ocorre pela primeira vez e está sendo monitorado por satélites, informou um grupo de cientistas nesta sexta-feira (31) à agência AFP.
O maior iceberg do mundo é uma enorme plataforma de gelo com 80 km de comprimento e uma área de 3.360 km2. O bloco se separou da Antártida em 1986.
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Após permanecer por décadas no local, o iceberg começou a se mover lentamente em direção à ilha britânica Geórgia do Sul, mais ao norte, desde dezembro, sendo levado por fortes correntes oceânicas.
Até então, esse gigante de gelo, conhecido como A23a, tinha permanecido praticamente intacto.
No entanto, imagens desta sexta-feira capturadas por um satélite europeu, analisadas pela AFP e confirmadas por dois cientistas, mostram que uma porção de aproximadamente 19 km de comprimento e 6 km em sua parte mais larga se desprendeu.
O fragmento, com quase 79 km², de acordo com medições por satélite, agora está à deriva nas águas.
“Sem dúvida, é a primeira parte significativa do iceberg que apareceu até hoje”, afirmou o oceanógrafo Andrew Meijers, do British Antarctic Survey, que monitora de perto o iceberg.
Soledad Tiranti, glacióloga que está a bordo do quebra-gelo ARA Almirante Irízar da Marinha argentina, também confirmou à AFP que um pedaço se desprendeu.
Segundo Meijers, os icebergs possuem fissuras profundas e, embora esse espécime monumental tenha diminuído com o tempo e tenha perdido anteriormente um pedaço muito menor, ele havia “resistido bem”.
“É um sinal de que essas rachaduras começaram a se romper”, avaliou.
No passado, outros icebergs gigantes desmoronaram “relativamente rápido, em questão de algumas semanas”, uma vez que começaram a perder grandes pedaços.
No entanto, os especialistas consideram difícil afirmar se essa fragmentação é uma prova de uma mudança muito maior em andamento.
“A forma como essas coisas desmoronam não é exatamente uma ciência exata”, disse Meijers. “Realmente é difícil dizer se vai se partir em mil pedaços ou se vai continuar intacto.”
Segundo ele, é improvável que a trajetória do A23a em direção à ilha Geórgia do Sul, uma zona de alimentação crucial para espécies de focas e pinguins, mude devido à perda desse pedaço.
Mas uma fragmentação adicional reduziria a ameaça à fauna, já que os animais poderiam se movimentar mais facilmente no oceano entre blocos de gelo menores para encontrar comida, acrescentou o oceanógrafo.
noticia por : UOL