Uma rede de perfis falsos, que disponibilizavam e lucravam com centenas de faixas de outros compositores. Em abril de 2024, o UOL revelou esse esquema de roubo em massa de composições que atinge o mercado sertanejo, o mais popular e rentável do Brasil.
No episódio desta semana do podcast UOL Prime, o repórter Rodrigo Ortega conta para José Roberto de Toledo que a investigação do promotor Fabrício Lamas, do CyberGaeco, só começou porque ele ouviu os detalhes da reportagem no episódio do podcast “O golpe na música sertaneja”.
“Um promotor de justiça ouviu a história aqui e abriu uma investigação. Não apenas abriu a investigação, como concluiu a investigação e descobriu quem era a pessoa que estava roubando música. Confesso que, em quase quatro décadas de carreira, não me lembro de ter visto isso acontecer outra vez. Em geral, a gente conta as histórias das investigações dos promotores e não ao contrário. E mais ainda, a investigação é aberta com base na reportagem e chega ao culpado e prende o culpado. É muita emoção”, destaca Toledo.
O esquema de roubo de músicas com uso de perfis falsos no Spotify era controlado por Ronaldo Torres de Souza, que foi preso preventivamente.
“Ele admitiu que fazia, que criava, o MP achou uma pasta com 3.000 músicas, a pasta se chamava CDs Spotify. Pode ser muito mais do que os 200 perfis falsos que existiam, e além disso, essa fazendinha tava rodando também plays em músicas criadas com inteligência artificial, ele simplesmente deixava a música criada ali e rodava como se ela estivesse fazendo o sucesso. Ou seja, em nenhum dos dois casos, sendo a música roubada ou criada por IA, ele tinha que fazer nada, só deixar ali o play rodando”, explica Ortega.
O Ministério Público flagrou e filmou a “fazenda” em ação. O sistema criado por Ronaldo era capaz de simular que 2.500 pessoas estivessem ouvindo suas músicas ao mesmo tempo, sem parar.
“O artista não existe, a música é roubada e as pessoas que ouvem também não são pessoas. A única coisa que era real é que todos esses perfis estavam ligados ao Pix do Ronaldo e todos eles rendiam dinheiro de verdade pra ele”, diz Ortega.
Cerca de R$ 2,3 milhões em carros, criptomoedas e outros bens de Ronaldo foram apreendidos.
“O dinheiro que ele faturava era o dinheiro de um astro”, destaca Toledo.
A denúncia do MP foi aceita pela Justiça de Goiás. Ronaldo Torres de Souza pode receber pena de até dez anos de prisão, se for condenado pelos crimes de estelionato, falsa identidade e violação de direitos autorais.
O podcast UOL Prime é publicado às quintas-feiras no YouTube do UOL Prime, Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music, Deezer e em todas as plataformas de podcast.
noticia por : UOL