KARINE ARRUDA

DO REPÓRTEMT

O presidente da Comissão de Apoio Técnico de Renegociação de Contratos da Prefeitura de Cuiabá, Murilo Bianchini, revelou que a dívida pública herdada da gestão passada pelo prefeito da Capital, Abilio Brunini (PL), ultrapassa os R$ 2 bilhões. E, segundo o presidente, por conta desse montante, cerca de 80 contratos firmados entre a prefeitura e as empresas prestadoras de serviço deverão ser cancelados.

“A gente tinha um ‘restos a pagar’ que se a gente somar toda a dívida que foi deixada para a Prefeitura atual já supera R$ 2 bilhões”, contou em entrevista à rádio CBN Cuiabá nesta segunda-feira (24).

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Diante do alto valor e de uma série de inconsistências encontradas nos contratos firmados pelas empresas, que teriam estipulado valores diferentes para prestar os mesmos serviços para as mais diversas secretarias da prefeitura, Bianchini disse que está pedindo para que os empresários procurem as secretarias para atestar os serviços que foram feitos.

“Quando a gente começa a analisar cada contrato e começa a ficar surpreso com a quantidade de objetos repetidos dentro das mesmas secretarias, a quantidade de serviços que eram prestados de forma distinta, por exemplo, você tem a mesma empresa prestadora de serviço, com contrato em uma secretaria e o valor da secretaria A é diferente da secretaria B, que é diferente da secretaria C”, relatou.

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“Ainda estamos pedindo para as empresas procurarem as secretarias para que a gente possa atestar os serviços que foram feitos, porque tem serviços que eles falam que prestaram, que não está nem atestado”, acrescentou.

Neste momento, segundo o presidente da Comissão, a prioridade do prefeito Abilio e das secretarias é checar os contratos firmados e avaliar o que precisa ser mantido, o que pode ser renegociado e o que deve ser cancelado. Ainda de acordo com Bianchini, em um primeiro momento, foram localizados mais de 700 contratos nas secretarias, sendo que esse valor saltou para mil após o primeiro mês de gestão.

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Desse montante, os secretários apontaram que pelo menos 80 desses contratos poderiam ser cancelados, ficando boa parte deles para um tipo de renegociação, em que a Prefeitura mantém o serviço prestado, mas tenta reduzir o preço do produto ofertado.

“Esses secretários nos apontaram cerca de 80 contratos que já podem ser cancelados ou não demandados. E também nos apontaram cerca de 280 contratos, nesse primeiro momento, que já podem ser suprimidos”, explicou Bianchini.

Meta dos 100 dias

Contudo, apesar da situação caótica vivenciada pela atual gestão, o presidente da comissão contou que Abilio conseguirá cumprir com a promessa de economizar R$ 100 milhões em 100 dias.

“A meta do prefeito Abilio de R$ 100 milhões em 100 dias vai ser cumprida […] Em seis meses, nós teremos uma outra Cuiabá no ponto de vista de gestão”, garantiu.

Calamidade financeira

Vale lembrar que assim que assumiu a prefeitura, Abilio decretou estado de calamidade financeira em Cuiabá em razão da dívida pública do município, herdada da gestão do ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), que ficou à frente da prefeitura por 8 anos. Na época da publicação do decreto, o documento apontava um rombo de R$ 1,6 bilhão em débitos, valor abaixo do constatado recentemente.

No decreto, também ficou comprovado um crescimento desproporcional das despesas municipais entre 2016 e 2024, que aumentaram em 135%, enquanto as receitas subiram 115% no mesmo período.