A defesa do general da reserva Estevam Theophilo afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta sexta-feira (7) que o militar foi pressionado pelo delegado Fábio Shor, responsável na Polícia Federal pelo inquérito da trama golpista de 2022.
O relato foi feito pelo advogado Diogo Musy. Segundo a defesa, antes do início do depoimento por videoconferência em fevereiro de 2024, o delegado mentiu a Theophilo que teria o vídeo da reunião entre o general e o então presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Estranhamente, rompendo com o rito vinculado à legalidade que deve nortear a sua atividade, o delegado de Polícia Federal Fábio Schor tentou desestabilizar psiquicamente e submeter o General Estevam Theophilo”, diz a defesa.
De acordo com Musy, o delegado afirmou antes de iniciar a gravação do depoimento que seria “melhor dizer o que aconteceu na reunião com o ex-presidente, porque a gente [PF] tem o vídeo da reunião”.
O advogado diz que pediu a Fábio Shor que apresentasse o vídeo, já que Theophilo “se fazia presente para esclarecer sobre todos os fatos”.
“Apesar de confrontado, o delegado que presidiu o ato não mostrou o vídeo que alegou possuir, e finalizou sua reprovável investida iniciando ‘formalmente’ o depoimento e a respectiva gravação telepresencial.”
A defesa de Theophilo ainda diz que o delegado e o escrivão da PF dificultaram a correção de palavras no termo do depoimento.
“É inaceitável a realização viciada do depoimento do investigado, pois o interesse em investigar apenas parcialmente sobre alguns dos fatos que a própria representação policial lhe imputava, acarreta um inafastável e insanável prejuízo”, afirma Musy.
Procurada, a Polícia Federal disse que não irá se manifestar sobre o caso.
Como a Folha mostrou, investigadores da Polícia Federal suspeitavam que o general Estevam Theophilo tivesse produzido um plano operacional para o golpe de Estado após conversar com Bolsonaro no Palácio da Alvorada.
Nenhuma evidência de que Theophilo tivesse preparado o plano foi encontrada pela investigação.
Estevam Theophilo foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) sob a acusação de ter aceitado “coordenar o emprego das forças terrestres” para um golpe de Estado que impedisse a posse do presidente Lula (PT).
As provas levantadas na investigação, porém, se restringem a declarações do tenente-coronel Mauro Cid em mensagens de WhatsApp que acabaram contraditas pelo próprio militar em sua colaboração premiada.
A inclusão de Theophilo na lista de denunciados pela trama golpista mobilizou integrantes do Alto Comando do Exército de 2022. Parte dos generais de quatro estrelas se dispuseram a defender o colega em eventuais testemunhos ao STF.
A defesa de Theophilo incluiu dez generais na lista de testemunhas enviada ao Supremo. São eles: Freire Gomes, Júlio César de Arruda, Fernando Soares, Hamilton Mourão, Sérgio Negraes, Eduardo Fernandes, André Novaes, Gustavo Dutra, Carlos Pimentel e Andrelucio Couto.
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noticia por : UOL