26 de março de 2025 - 2:48

'Ainda Estou Aqui' retomou debate sobre mortos na ditadura, diz pesquisador

Para Edson Teles, o pedido é “um momento importante para o país”. No entanto, não pode ser algo isolado. “Precisa ser acompanhado de medidas concretas para a identificação da história de todos os desaparecidos políticos da ditadura, como é o caso de Rubens Paiva”, defende. “Bem como de ações que mudem a realidade brasileira de seguir até os dias atuais produzindo desaparecidos, muitos deles por violência policial ou pela negligência do próprio Estado.”

Edson Teles, vice-coordenador do Caaf
Edson Teles, vice-coordenador do Caaf Imagem: Alesp

Paralisado em 2020, trabalho foi retomado no final do ano passado. A identificação das ossadas da Vala de Perus foi interrompida após cortes de verba do governo Jair Bolsonaro (PL). “Após a mudança de governo, foi preciso aguardar um ano e meio para a retomada do financiamento, que só ocorreu em setembro de 2024”, conta Edson Teles.

A paralisação do financiamento prejudicou o trabalho e ampliou a angústia dos familiares. “A sensação de perda da esperança aumentou muito nesse período”, afirmou Teles. Muitos parentes envelheceram e morreram sem respostas sobre seus familiares.

Mesmo sem recursos, a equipe conseguiu finalizar a primeira fase de análise. Nela foram identificadas as ossadas de 951 indivíduos e enviadas as amostras deles ao laboratório holandês ICMP (International Commission on Missing Persons), responsável pela comparação genética.

Com a retomada dos recursos, iniciou-se a etapa de “reassociação”. O trabalho é para identificar os ossos misturados entre os restos mortais analisados. Segundo Edson Teles, 26% das 1.049 caixas catalogadas contêm ossos de diferentes indivíduos. “Essa fase, que deve se encerrar em agosto, inclui a seleção de amostras viáveis para extração de DNA e envio ao ICMP”, explica.

noticia por : UOL

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