O problema começou na Union Station, disse a polícia de Washington, quando alguém escreveu “Pergunte-me sobre meu apoio aos nazistas” na janela traseira de um Tesla em 2 de março.

As autoridades dizem suspeitar que um homem, acompanhado duas vezes por uma mulher, atacou pelo menos quatro vezes na cidade desde então, vandalizando os carros elétricos fabricados pelo bilionário Elon Musk, que se tornaram um alvo conveniente em todo o país para os irritados com suas declarações públicas e trabalho na administração de Donald Trump.

A polícia diz que está investigando o vandalismo que cita o apoio nazista, uma aparente referência a um gesto visto como uma saudação ao estilo nazista de Musk no dia da posse de Trump, e um outro caso, como potenciais crimes de ódio.

As autoridades prometeram uma ação rápida em resposta a série de ataques a concessionárias, estações de carregamento e veículos Tesla em todo o país, já que o carro elétrico, antes abraçado pela esquerda, se tornou um ponto de discórdia política. Esses incidentes incluem tiros disparados em uma concessionária no Oregon e um ataque com coquetéis molotov que queimou veículos em uma oficina de reparos em Las Vegas.

Em Washington, os incidentes relatados até agora não foram violentos. Mas Musk provocou raiva em toda a região por cortes drásticos no governo federal, que ele promoveu como conselheiro especial de Trump, e por comentários que fez sobre trabalhadores federais.

Os incidentes deixaram os proprietários de Tesla inquietos. Uma pessoa cujo carro foi desfigurado recusou-se a comentar, dizendo que estava com medo. Outra falou sob condição de anonimato por medo de retaliação.

Essa pessoa disse que saiu do trabalho e encontrou “Vai Doge eu apoio Musk matando o depto. de Educação”, escrito no para-brisa dianteiro de seu Tesla no estacionamento da escola primária no nordeste de Washington, onde é professora. Doge é uma referência ao Departamento de Eficiência Governamental, que é fundamental na campanha de Musk e Trump para reformar o governo federal.

Enquanto alguns proprietários de Tesla estão correndo para trocar seus veículos para evitar serem associados a Musk, a professora disse que não pode.

Ela diz que não tem o luxo de comprar outro carro. “Acho que é uma mentalidade muito elitista pensar que alguém pode simplesmente entregar seu carro e assumir outro empréstimo para satisfazer as massas.” Ela disse que comprou o Tesla antes da eleição porque havia feito aulas de direção em um no ano passado e se sentiu confortável com o veículo.

A mulher recusou-se a dizer quem apoiou na eleição presidencial, mas observou: “Eu não votei em Trump.” Ela disse que a mensagem foi facilmente removida e não houve danos.

Trump, que conta com Musk como um aliado e conselheiro-chave, ameaçou prender pessoas que destruírem ou vandalizarem veículos Tesla. Ele também procurou reunir apoio para a empresa em dificuldades no início deste mês, promovendo os carros na Casa Branca e provocando críticas de especialistas em ética.

“Estou ansioso para ver os doentes terroristas receberem sentenças de prisão de 20 anos pelo que estão fazendo a Elon Musk e Tesla”, escreveu o presidente nas redes sociais na sexta-feira (21). “Talvez eles possam cumprir suas penas nas prisões de El Salvador, que se tornaram recentemente famosas por suas condições tão encantadoras!”

O FBI anunciou esta semana que formou uma força-tarefa para investigar “o aumento da atividade violenta contra a Tesla”. Em uma postagem no X, o diretor do FBI, Kash Patel, chamou os ataques de “terrorismo doméstico” e disse que “os responsáveis serão perseguidos, capturados e levados à justiça.”

Após a polícia divulgar um comunicado sobre os incidentes em Washington, que incluía fotos das duas pessoas procuradas, Musk foi à sua plataforma X e republicou, sem comentários. Em uma resposta separada a uma outra postagem no X sobre a prisão em um caso de vandalismo direcionado a um Tesla em Massachusetts, Musk escreveu: “Danificar a propriedade dos outros, também conhecido como vandalismo, não é liberdade de expressão!”

Os promotores devem provar que a pessoa foi motivada por preconceito para garantir uma condenação em um crime relacionado a preconceito. Embora tornar alguém alvo com base em sua afiliação política abra a porta para tal acusação, os promotores decidem em última instância após uma prisão ter sido feita e um motivo apontado.

Estatísticas policiais mostram que eles não investigaram um crime de ódio politicamente motivado nos últimos quatro anos em Washington. Até o final de fevereiro, a polícia investigou 17 crimes como relacionados a ódio este ano, com base em etnia, origem nacional, raça, identidade de gênero e religião.

A pena máxima por desfigurar propriedade privada no distrito é uma multa de US$ 5.000 (R$ 28,6 mil) e até um ano de prisão. Uma condenação por crime de ódio aumentaria essas penalidades.

A polícia da capital americana disse que está procurando o homem em todos os casos e acredita que uma mulher participou de dois dos incidentes.

Entre os relatos estava uma frase escrita em rosa no para-brisa de um carro em Columbia Heights: “Vamos acabar com o estado administrativo! Compre um Tesla!” Outros incidentes relatados ocorreram a poucos quarteirões de distância no Capitol Hill.

A polícia disse que, com base em vídeo de vigilância, parece que o homem vandalizou o mesmo Tesla em 8 de março e 14 de março. Em um dos casos, a polícia disse que o proprietário encontrou “Eu amo Musk e odeio o Gov’t Fed” escrito em azul em uma janela do passageiro.

A um quarteirão desse incidente, a polícia disse acreditar que o homem vandalizou duas vezes outro Tesla, em 9 de março e 10 de março, escrevendo com um marcador branco: “Eu gosto do que Musk está fazendo”, e no dia seguinte, “Em vez de vender, comprei um adesivo de para-choque.”