A cidade de São Paulo deve ter, até o fim do próximo ano, 260 frentes de obra de água e esgoto sendo abertas e concluídas. Entre projetos de ligação de redes e a ampliação de estações de tratamento, a Sabesp prevê investimentos de R$ 9,5 bilhões, divididos em 60 contratos.
A conclusão das obras deve ocorrer em diferentes etapas até o fim de 2026, diz a companhia, e a maior a maior parte do trabalho estará concentrada na ampliação de coleta e tratamento de esgoto. Segundo a Sabesp, haverá intervenções em distritos de todas as regiões da cidade, com foco nas zonas leste e norte.
As melhorias, diz a empresa, serão de maior impacto em Guaianases, Itaim Paulista, São Miguel Paulista, Itaquera, Cidade Tiradentes, Vila Matilde e Artur Alvim. “Serão tubulações de grandes diâmetros, muitas delas na beira de córregos, tributários”, afirma Roberval Tavares, diretor de engenharia e inovação da Sabesp.
Já na parte norte da cidade, por exemplo, está uma das obras de grande porte, na Estação de Tratamento de Esgoto do Parque Novo Mundo, na Vila Maria, que terá sua capacidade ampliada em 148%. Outros distritos com melhorias previstas são Vila Guilherme, Tucuruvi, Tremembé, Freguesia e Perus, por exemplo.
A companhia prevê 955.755 ligações de esgoto e 861.469 ligações de água. A possibilidade de trabalhar em áreas informais, o que segundo Roberval não estava previsto no contrato anterior à desestatização da Sabesp, deve agilizar a conexão desses imóveis, o que é feito após uma autorização da prefeitura.
Para diminuir o impacto no cotidiano de São Paulo, centro de uma região metropolitana cujas viagens diárias por transporte individual superam as de coletivo, a companhia fará parte das intervenções por métodos não destrutivos.
Isso consiste em furar poços com um tatuzinho, versão menor de máquinas tuneladoras que abrem buracos para linhas de metrô, e usar outras máquinas para instalar as tubulações pelos túneis subterrâneos, que ficam entre três e oito metros de profundidade. Segundo a Sabesp, não haverá obras ao longo de grandes vias da cidade, como a marginal Tietê ou radial leste.
Os troncos coletores têm diâmetro de até 1,20 metro. Ao todo, serão instalados 561 metros de tubos de concreto. Considerando um solo de boa qualidade, a companhia consegue perfurar, com o tatuzinho, sete metros em cerca de oito horas.
Segundo Roberval, muitas das tubulações a serem enterradas estão em córregos tributários do Tietê, como Tijuco Preto, Tiquatira e Itaquera, na zona leste. Ao todo, estão previstos 4.098 km de tubulação de esgoto para a cidade até o fim do ano que vem.
O pacote de obras a serem entregues até 2026 faz parte do Integra Tietê, programa do Governo de São Paulo. Dos R$ 9,5 bilhões anunciados, R$ 4,6 bilhões ainda estão em etapa de contratação. Até 2029, o valor será de R$ 19 bilhões.
Hoje, a estrutura da Sabesp para lidar com esgoto na região metropolitana tem capacidade de tratar 72 mil litros por segundo. Com a conclusão das obras, o previsto é 82 mil litros por segundo.
Embora o esgoto represente a maior parte do trabalho, diz a companhia, também estão previstas obras para captação e armazenamento de água.
A primeira é a conclusão da adutora do rio Itapanhaú, em Bertioga, no litoral de São Paulo. A obra fazia parte de um conjunto de melhorias após a crise hídrica de 2014 e 2015 e passou por mudanças de contrato e suspensão na Justiça. A vazão que deve ser integrada ao sistema Alto Tietê é de 2.500 litros por segundo.
Já uma entrega prevista para os próximos dias é a do reservatório parque Europa, no Jardim Ângela, na zona sul paulistana, com capacidade para dez milhões de litros de água.
Além de ampliar a capacidade de tratamento, a companhia quer lidar com o problema de esgoto no rio Tietê da mesma forma com que tem tratado o Pinheiros. O rio, que nasce em Salesópolis (SP), começa a ter problemas, diz Roberval, ao se aproximar da região metropolitana, como na região de Mogi das Cruzes.
“Então, quando a gente chegar em 2029, o objetivo é que a gente tenha um rio com condições melhores do que as que a gente tem hoje, com vida aquática”, afirma.
“No rio Pinheiros, trabalhamos de 2019 a 2022 e tudo que está para cima da [avenida dos] Bandeirantes até a Pedreira, em Santo Amaro, já tem presença de vida. Conseguimos conectar mais de 600 mil imóveis da bacia do Pinheiros, agora faremos isso na bacia do Tietê.”
noticia por : UOL