18 de abril de 2025 - 15:02

Justiça dos EUA permite que governo Trump deporte estudante que participou de protestos pró-palestinos


Mahmoud Khalil, que desempenhou um papel de destaque nos protestos pró-palestinos no campus da universidade no ano passado, foi preso em março por agentes de imigração dos EUA em sua residência estudantil universitária. Mahmoud Khalil, com papel na mão, falando com a mídia sobre o acampamento Revolt for Rafah na Universidade de Columbia em junho de 2024
REUTERS/Jeenah Moon
A Justiça dos EUA permitiu que o governo Trump prossiga com o processo de deportação do estudante palestino Mahmoud Khalil, preso por participar de protestos na Universidade de Columbia contra a ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza.
Khalil está preso desde o dia 8 de março, quando agentes de imigração (Departamento de Imigração e Alfândega, ou ICE, na sigla em inglês) o abordaram na residência estudantil onde ele morava.
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Segundo a defesa, os agentes do ICE que o prenderam inicialmente disseram que Mahmoud havia tido o visto de estudante revogado.
No entanto, Khalil entrou nos EUA com um green card, o que lhe dá status de residente legal e permanente no país.
Quando sua esposa, que é americana e está grávida de oito meses, disse que ele era um residente permanente legal, os oficiais disseram que seu green card também havia sido revogado.
O green card permite que uma pessoa resida permanentemente nos Estados Unidos e lhe dá as proteções da Constituição dos EUA, incluindo a liberdade de expressão sob a Primeira Emenda.
A defesa de Khalil usou esse argumento para contestar a prisão e dizer que o discurso político exposto pelo estudante nas manifestações é protegido pela Constituição americana.
Após a detenção, o palestino foi transferido para uma prisão federal para migrantes na Louisiana para dificultar o acesso dos advogados a ele, segundo a sua defesa.
Mahmoud Khalil, estudante de Columbia preso, na época dos protestos
REUTERS
‘Primeira de muitas’
A prisão de Mahmoud Khalil, do curso de pós-graduação de Relações Internacionais e Públicas da Universidade de Columbia, em sua residência universitária, foi anunciada pelo sindicato Student Workers of Columbia e confirmada pelo presidente americano, Donald Trump, em um post.
“Esta é a primeira prisão de muitas que virão. Sabemos que há mais estudantes na Columbia e em outras universidades pelo país que se envolveram em atividades pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas, e a Administração Trump não tolerará isso. Muitos não são estudantes, são agitadores pagos. Encontraremos, apreenderemos e deportaremos esses simpatizantes terroristas do nosso país — para nunca mais retornarem”, disse Trump em uma publicação no Truth Social.
Sua prisão foi condenada por grupos de direitos civis como um ataque às liberdades civis. Houve protestos no campus da Columbia, em Nova York nesta segunda-feira.
Manifestante pede que estudante seja solto após prisão na Universidade de Columbia
REUTERS/Shannon Stapleton
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, também falou sobre a prisão nas redes sociais, mas sem dar detalhes, e afirmou:
“Revogaremos os vistos e/ou green cards de apoiadores do Hamas na América para que eles possam ser deportados”.
Khalil, que atuou como negociador para manifestantes pró-palestinos durante o acampamento montado no campus no ano passado, contou que se recusou a assinar um acordo de sigilo que estava sendo exigido e que, após a recusa, a universidade ameaçou impedi-lo de se formar, mas recuou quando ele apelou da decisão por meio de um advogado.
Mahmoud foi acusado de má conduta apenas algumas semanas antes de sua formatura.
“Tenho cerca de 13 alegações contra mim, a maioria delas são postagens de mídia social com as quais não tive nada a ver. Eles só querem mostrar ao Congresso e aos políticos de direita que estão fazendo alguma coisa, independentemente do que está em jogo para os estudantes. É principalmente um escritório para esfriar o discurso pró-Palestina”, disse.
Cancelamento de bolsas e investigações
Faixa colocada em acampamento na Universidade de Columbia, em Nova York, manifesta solidariedade aos palestinos de Gaza
Stefan Jeremiah/AP
Na sexta-feira (7), o Departamento de Educação já havia anunciado o cancelamento de bolsas e contratos para a Universidade de Columbia devido à “inação diante do assédio persistente de estudantes judeus”, sob a orientação do governo Trump.
A universidade que, no ano passado, esteve no centro dos protestos universitários nos quais os manifestantes exigiam o fim do apoio dos EUA a Israel devido às mortes de civis e à crise humanitária causada pelo ataque israelense a Gaza, perdeu um total de US$ 400 milhões em financiamento – o equivalente a R$ 2,3 bilhões.
Nesta quinta-feira (6), a agência de notícias Associated Press já havia noticiado que estudantes da Columbia que fizeram críticas a Israel e participaram de manifestações pró-Palestina estão sendo alvo de investigação.
Nas últimas semanas, o Escritório de Equidade Institucional, novo comitê disciplinar universitário, enviou notificações a dezenas de estudantes por atividades que vão desde o compartilhamento de postagens em mídias sociais até a participação em protestos “não autorizados”.
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Fonte: G1

18 de abril de 2025 - 15:02

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