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Operação foi deflagrada nesta segunda-feira (14).
DO REPÓRTERMT
Os dois criminosos que fugiram do Centro de Reabilitação Industrial Ahmenon Lemos Dantas, em Várzea Grande, e o policial penal Léo Márcio da Silva Santos, alvos da Operação Shadow deflagrada pela Polícia Civil, na segunda-feira (14), se reuniram em uma churrascaria da Capital, momentos antes de concretizar a fuga. Duas mulheres, que também participaram do almoço, integram o grupo criminoso investigado e deram apoio ao esquema para a fuga dos presos.
Gilmar Reis da Silva e Thiago Augusto Falcão de Oliveira ainda são considerados foragidos da Justiça.
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A investigação, conduzida pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Draco) e Gerência Estadual de Polinter (Gepol), desvendou o plano de fuga que contou com apoio de dois policiais penais que atuavam na penitenciária e também de pessoas externas à unidade prisional.
A execução do plano arquitetado pelo grupo para fuga dos criminosos consta na documentação reunida no inquérito policial que embasou a operação. A investigação desvendou o esquema envolvendo assinaturas para saídas ilegais, trocas de veículos, demora intencional e omissão de informações na comunicação da fuga às autoridades.
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Nas investigações, a Polícia Civil apurou que no dia da fuga ocorreu uma movimentação atípica dentro da penitenciária, quando o preso Thiago Augusto Falcão de Oliveira e o policial penal Adão Elias Junior, à época diretor do Centro de Ressocialização Industrial Ahmenon Lemos Dantas, em Várzea Grande, se encontraram em uma sala não monitorada, onde possivelmente foi realizado o acordo e a assinatura do termo de saída dos dois detentos da unidade prisional.
Devido à sua alta periculosidade, o líder da facção Gilmar Reis da Silva, conhecido como “Vovozona” não deveria ter permissão para sair da unidade prisional, porém, após a autorização assinada, o bandido se escondeu atrás de uma parede onde ficam os presos que trabalham extramuro, até o momento em que entrou na caminhonete F-250 acautelada do Sistema Penitenciário.
A caminhonete, conduzida pelo policial penal Léo Márcio da Silva Santos, que saiu com os dois detentos do presídio, apresentava problemas mecânicos no dia dos fatos. Foi decidido durante o trajeto que o trio trocaria de veículo, buscando uma caminhonete Toyota Hilux pertencente ao criminoso Gilmar Reis da Silva, com o fim de dar continuidade ao plano.
A troca de veículos seria para que policial penal deixasse a caminhonete do Sistema Penitenciário na oficina e ainda tivesse um veículo para realizar os trabalhos da unidade prisional, no período da tarde, a fim de despistar a fuga.
Os criminosos buscaram a caminhonete Hilux na residência do bandido, em um prédio nas proximidades do Shopping Goiabeiras. Naquela ocasião, os dois detentos seguiram sozinhos no veículo. Em seguida, foram até a oficina, onde encontraram novamente com o policial penal e seguiram para uma churrascaria na Avenida Miguel Sutil, na Capital.
Após a chegada dos presos na churrascaria, duas mulheres também compareceram ao local, em uma caminhonete Mistsubishi Pajero, e almoçaram com o trio. Uma delas pagou integralmente a conta.
Depois do almoço, o líder da facção criminosa deixou o estabelecimento com as duas mulheres na caminhonete Mitsubishi. O policial penal e o outro reeducando deixaram juntos a churrascaria, porém, em seguida à saída do estacionamento, o detento desceu do veículo e se juntou ao trio que estava na Pajero, concretizando, neste momento, a fuga.
Durante a tarde da data da fuga, o policial penal realizou sozinho os serviços de busca de mercadorias para o presídio e posteriormente retornou à oficina mecânica, onde transferiu as compras da caminhonete Hilux do criminoso para a F-250.
Somente após todos os afazeres da tarde, o policial penal comunicou o diretor sobre a suposta fuga, em uma conversa em local isolado, que demorou aproximadamente 40 minutos.
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Após o lapso temporal, os dois investigados registraram boletins de ocorrência distintos, com intuito de eximir-se das responsabilidades, contudo, com várias omissões e inconsistências de informações, como a indicação do local da fuga – a churrascaria.
A investigação deixou clara que a atuação dos agentes públicos, se fosse feito o fiel registro dos fatos, permitiria o acionamento das forças de segurança para recaptura dos foragidos, assim como a abordagem das mulheres que auxiliaram na fuga. Entretanto, o fato não era de interesse dos servidores.
Operação Shadow
A operação foi deflagrada na manhã de segunda-feira (14) para cumprimento de 35 ordens judiciais contra um grupo criminoso envolvido na fuga do líder de uma facção e de outro detento, do Centro de Ressocialização Industrial Ahmenon Lemos Dantas, em Várzea Grande, ocorrida em 2023.
As investigações identificaram um plano estratégico que contou com apoio de agentes públicos para a fuga dos criminosos.
Os alvos, entre eles dois policiais penais, são investigados pelos crimes de facilitação de fuga de pessoa legalmente presa e integração de organização criminosa.
FONTE : ReporterMT