22 de abril de 2025 - 2:19

Futuro da imprensa: IA só não vai acabar com os repórteres

Opinião todo mundo tem. Mas, para poder elaborá-la, é preciso contar com informações novas e confiáveis, bem apuradas e checadas, a matéria-prima que só os repórteres profissionais de oficio podem fornecer em qualquer plataforma das velhas e das novas mídias.

Para isso, é preciso que velhos e novos repórteres estejam dispostos a sujar os sapatos, tomar sol e chuva, ir a lugares perigosos, ouvir muita gente, desconfiar da primeira versão ou do prato feito fornecido por “fontes” anônimas nem sempre confiáveis, não desistir na primeira dificuldade.

É impossível fazer uma boa reportagem só falando no celular e usando a internet, instrumentos-meio que se tornaram muletas do jornalismo preguiçoso. Nada substitui a presença do repórter no local dos fatos, seja numa guerra ou num simples acidente de trânsito, numa briga de vizinhos ou na crise política que pode derrubar um governo.

Por falar em guerra, conto sempre a história de um debate na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio, de que participei, uns 30 anos atrás, junto com o lendário repórter José Hamilton Ribeiro, aquele que perdeu uma perna no Vietnã. Perguntaram a ele se era difícil fazer reportagem com uma perna só, e o maior repórter brasileiro do século 20 respondeu:

“Não é, não. É melhor do que fazer com quatro…”

O tema do debate era “A reportagem está morrendo?”. Muito tempo depois, fomos falar na PUC do Rio e o tema foi o mesmo.

noticia por : UOL

22 de abril de 2025 - 2:19

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