“O Legado de Sly and the Family Stone”, documentário sobre a banda de funk-rock americana Sly and the Family Stone, é centrado no líder e gênio musical do grupo, Sly Stone.
A obra é dirigida por Ahmir “Questlove” Thompson, baterista do grupo de hip-hop The Roots, que desde 2014 serve de banda do programa de Jimmy Fallon na TV. Em 2021, ele dirigiu seu primeiro documentário, “Summer of Soul”, um filme bonito e revelador sobre um festival de música negra realizado no Harlem, em Nova York, em 1969. Ganhou o Oscar de melhor documentário.
Questlove retorna com outro filme importante sobre a black music e seus grandes criadores. O filme conta a trajetória de Sylvester Stewart, um prodígio da música que, ainda criança, fez parte de um quarteto vocal com o irmão Freddie e as irmãs Rose e Loretta que encantava fieis da igreja pentecostal frequentada pela família num subúrbio de San Francisco, na Califórnia. Aos dez ou 11 anos de idade, Sly já comandava grupos musicais na escola e tocava com maestria piano, guitarra, baixo e bateria.
Em meados dos anos 1960, Sly era disc-jockey de uma famosa rádio de San Francisco e começou a compor e produzir compactos para artistas como Bobby Freeman e The Beau Brummels. Uma de suas produções mais famosas foi a faixa “Someone to Love”, gravado pela cantora Grace Slick com sua primeira banda, The Great Society.
Pouco depois, Slick deixaria a banda e se tornaria cantora do grupo Jefferson Airplane, mas levou com ela a canção que, rebatizada “Somebody to Love”, se tornaria a gravação mais icônica do Jefferson Airplane e um hino do rock psicodélico.
Em 1966, cansado de produzir discos dos outros, Sly montou uma superbanda com o irmão Freddie (guitarra) e a irmã Rose (vocal, teclados), Greg Errico (bateria), Cynthia Robinson (trompete), Larry Graham (baixo) e Jerry Martini (saxofone). Era uma banda muito diferente do que se via na época. “Éramos homens e mulheres, brancos e negros, fazendo música juntos, e isso não existia na época”, diz no filme o baterista Greg Errico.
“O Legado de Sly and the Family Stone” mostra a ascensão da banda, especialmente depois que Sly, aprendendo com os erros do disco de estreia, “A Whole New Thing” (1967), um trabalho mal recebido por crítica e público, decidiu deixar de lado qualquer preocupação comercial e fazer a música inventiva e explosiva que sempre sonhara, uma fusão de funk, soul e rock’n’roll. Seis meses depois do primeiro disco, a banda lançou o LP “Dance to the Music”, que trouxe clássicos como a faixa-título e “Higher”.
Dali em diante, ninguém mais segurava a criatividade do hepteto, que gravou obras-primas como “Everyday People”, “I Want to Take You Higher”, “Thank You (Falettinme Be Mice Elf Agin)”, “Sing a Simple Song”, “Stand!” e “Everybody is a Star”. Em agosto de 1969, a banda chegou ao auge da fama e respeito com uma apresentação antológica no Festival de Woodstock.
“Nenhuma banda conseguiu ser tão popular e tão amada tanto pelo público branco quanto pelo público negro”, diz no filme o guitarrista da banda Living Colour, Vernon Reid.
Além de Reid, o filme traz depoimentos informativos e emocionantes de gente como Chaka Khan, Andre 3000 (Outkast), do rapper Q-Tip, D’Angelo, Nile Rodgers e George Clinton, líder do Parliament Funkadelic, que diz ter “copiado absolutamente tudo” de Sly and the Family Stone.
O período de ouro de Sly and the Family Stone dura até meados dos anos 1970, quando Sly começa a ter sérios problemas com cocaína e, depois, crack. Sua queda é tão rápida quanto o sucesso, e em poucos anos ele vira uma piada no meio musical, mais conhecido pelas seguidas prisões por porte de drogas do que por sua música. Que bom que temos filmes como esse para resgatar a importância de Sly Stone para as novas gerações.
noticia por : UOL