
O então cardeal deixou a Argentina para o conclave, em fevereiro de 2013, sem saber que não voltaria mais ao país-natal.
A relação de Jorge Mario Bergoglio com a América era próxima. A começar pelo local de nascimento: Buenos Aires, na Argentina. Quando passou a atender por Papa Francisco, também tornou-se o primeiro líder máximo da Igreja Católica nascido no continente.
Ele ascendeu ao cargo, em março 2013. Desde então, foram sete viagens oficiais a países da América Latina — a primeira delas, para o Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude. Paraguai, Bolívia, Equador, Cuba, México e Panamá também receberam o pontífice.
Entretanto, uma ausência é o que chama a atenção: justamente o país-natal do religioso, onde ele passou a maior parte dos 88 anos de vida. Afinal, por que o Papa Francisco nunca visitou a Argentina durante seu pontificado?
Oficialmente, o Vaticano nunca explicou o motivo, mas a hipótese mais aceita é que o cenário político do país contribuiu. O próprio Santo Padre também falou, ainda que de maneira comedida, algumas vezes longo dos anos.

O líder religioso foi homenageado no Obelisco, ponto turístico da capital argentina.
“Eu gostaria de ir. É a minha casa, mas ainda não está decidido. Há várias coisas para resolver primeiro”, disse Francisco na última vez em que foi questionado publicamente sobre o tema, em setembro de 2024.
À Reuters , em 2018, o Papa falou sobre o que sentia falta ao pensar na Argentina: “Só sinto falta da rua. Sou um ‘ callejero ‘ (um homem das ruas). Eu realmente gostaria de poder fazer isso de novo, mas agora não posso.”
Jimmy Burns, autor da biografia ” Francis, Pope of Good Promise “, acredita que Francisco não queria ser inserido no ambiente político polarizado do país: “Qualquer visita tentaria ser explorada por um lado ou outro, e ele, sem querer, alimentaria essas divisões”.

O Papa Francisco era torcedor do San Lorenzo, clube de Buenos Aires.
Já Guillermo Marco, porta-voz de Bergoglio quando este era Cardeal em Buenos Aires, disse à Reuters: “Ele teria gostado de vir se pudesse ter feito uma viagem simples, digamos, para visitar as pessoas que ama e celebrar uma missa para o povo”.
À BBC News , Gustavo Vera, ativista e amigo de Francisco, explicou que o Papa se manteve conectado à Argentina durante todo o período. O pontífice teria demonstrado interesse nos acontecimentos do país, como futebol, tango e notícias em gerais.
Ele acredita que o Santo Padre planejava uma visita final, “como se fosse a estação terminal de sua longa jornada”. Por outro lado, avalia que Francisco já não se sentia que pertencia mais a apenas um país.
“Os argentinos acreditam que ele era argentino, mas na realidade ele já fazia parte do mundo […] “Nós, argentinos, muitas vezes não deixamos Bergoglio ser Francisco”, finalizou Vera.
Fonte: Turismo
FONTE : MatoGrossoNews