27 de abril de 2025 - 17:01

Milhares fazem fila para ver a tumba de Francisco em Roma

Uma fila que serpenteia os arredores da Basílica Santa Maria Maior reúne milhares de pessoas neste domingo (27) em Roma para o primeiro dia de visitações à tumba do papa Francisco. O pontífice argentino, sepultado na véspera em uma das capelas do interior da igreja localizada no centro da capital italiana, atrai sobretudo jovens.

Muitos estão na cidade para o Jubileu, o maior evento do calendário católico, que ocorre a cada 25 anos e ganhou ainda mais significado ao coincidir com o funeral do pontífice. Mais de 80 mil adolescentes se inscreveram para a celebração, que culminaria com a canonização do beato Carlo Acutis, morto aos 15 anos. A confirmação do primeiro santo millenial, porém, acabou adiada.

A inédita visita a Francisco, no entanto, concorria com a grande celebração do dia na Praça São Pedro, a segunda missa do novendiali, os nove dias de luta pelo papa. Apenas depois desse período o conclave, para a escolha do próximo papa, poderá começar.

“Não podemos escolher”, diz Alessandro Grasso, operário de Napoli. “Eles vão escolher”, completa, frisando a responsabilidade dos cardeais. “O Senhor o escolherá, eu sei”, diz a seu lado a amiga Noemi Curcio. “Mas esperamos um papa que esteja em sintonia com os tempos e que consiga falar melhor com os jovens. São muitas as portas que ele deixou abertas, então esperamos poder continuar a segui-las.”

O alemão Dominic Kuhl, desenvolvedor de software que mora em Viena, também aguarda um pontífice preocupado com as gerações mais novas. “Tenho 26 anos e só posso falar do que acontece na Europa, mas há muitos como eu atraídos pela liturgia da Igreja Católica, de uma igreja mundial, apegada a seus rituais.”

A descrição pode soar um pouco conservadora, mas Dominic refuta o rótulo usando o exemplo do próprio Francisco. “As pessoas eram sua primeira preocupação, de uma maneira pastoral. É diferente de dizer faça o que você quiser. Porque Jesus disse: faça o que é a vontade de Deus. O papa pensava assim, então não acho que ele era muito liberal, embora fosse visto como controverso.”

Dominic chegou cedo e ficou 20 minutos na fila. Ela já durava mais de hora no momento em que ele saiu, com a estimativa policial anterior de centenas saltando para milhares. “É um túmulo pequeno, com uma pedra branca e seu nome inscrito nela. É muito simples”, descreve.

Francisco determinou em testamento que queria ser enterrado em Santa Maria Maior, sua igreja preferida em Roma. A lápide, em mármore da Ligúria, terra de seus avós, leva apenas seu nome em latim, Franciscus, e está instalada na capela Paulina. Na parede, há uma reprodução de seu crucifixo.

Noemi conta que policiais não deixam a fila parar na frente da tumba e fotos não são permitidas. Alessandro fez registros de outros ambientes da igreja, mas guardou o celular na hora de passar pelo túmulo. “Às vezes é melhor não tirar fotos. Apenas olhar e lembrar-se do que viu. Basta fechar os olhos e lembrar.”

É a primeira vez em 122 anos que um papa é enterrado fora do Vaticano. “É uma experiência que não se espera ter na vida”, diz Noemi.

noticia por : UOL

27 de abril de 2025 - 17:01

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