30 de abril de 2025 - 6:51

Esquerda tenta blindar Lula por ausência no 1º de Maio, crise do INSS e fracasso de reforma

Após uma semana de crise para o governo federal, com a recusa de um ministério por um quadro do União Brasil e uma operação da Polícia Federal sobre fraudes no INSS, setores da esquerda têm poupado o presidente Lula (PT) de críticas mesmo após ele decidir não comparecer às celebrações de 1º de Maio promovidas pelas centrais sindicais em São Paulo.

Será a primeira ausência de Lula dos atos desde que assumiu o terceiro mandato, em 2023, em meio a cobranças pelo fim da escala 6×1. Apesar disso, com a alta reprovação ao governo, grupos à esquerda mais críticos ao presidente optaram por blindá-lo de ataques internos para resguardar sua imagem para a eleição de 2026.

Sindicalistas que já haviam manifestado descontentamento com o governo Lula anteriormente minimizaram a ausência do presidente nos atos de 1º de Maio, mesmo se tratando de uma data histórica para o PT. À reportagem líderes alinhados ao governo declararam, sob reserva, que o petista ao menos cumpriu o papel de receber representantes em Brasília nesta terça (29) e ouvir demandas dos setores.

Um deles observou que o petista receia encontrar um ato esvaziado na manhã de quinta (1º), na zona norte de São Paulo, assim como ocorreu no ano passado, em Itaquera, na zona leste. Ele também ponderou que o presidente não quer ser associado aos sorteios de carros prometidos pelas centrais sindicais ao público, motivo alegado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) para não organizar os eventos deste ano.

Segundo aliados, o sorteio de veículos em um evento com a presença do petista poderia gerar novos desgastes para a imagem de Lula, mais um episódio que poderia ser explorado por parlamentares midiáticos de oposição.

No ano passado, o evento do Dia do Trabalho em São Paulo foi marcado pelo pequeno público. Lula disse em discurso: “O ato está mal convocado, nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar”.

LEGISLATIVO

A preocupação em não gerar novos ruídos dentro do Congresso Nacional é reforçada pela recusa do Ministério das Comunicações pelo deputado Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) 12 dias após ter sido publicamente anunciado no cargo.

A crítica recaiu mais ao União Brasil e ao momento de repaginação do partido, que oficializou a federação com o PP, do que ao governo federal e à ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT). Além disso, a tolerância com a turbulência partidária alheia é vista como fruto da necessidade de Lula de contar com o centrão nas votações do governo.

Os partidos do mesmo centrão, apesar de manterem cargos no governo, não devem apoiar o presidente em sua tentativa de se reeleger em 2026, mais um motivo pelo qual os grupos de esquerda optaram por suavizar as críticas ao petista ao longo da semana.

Na visão de um deputado federal do PT, outro episódio que desgasta ainda mais o governo é a operação deflagrada pela PF sobre as fraudes no INSS, que implicaram o envolvimento de aliados do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT). Segundo o parlamentar, Lula está “entre a cruz e a espada” para definir o futuro do pedetista.

A cúpula do PDT, que antes pleiteava um ministério a mais na gestão, já alertou ao entorno do presidente que, caso Lupi seja demitido, o partido deixará o governo. Eles têm lembrado aos petistas que, num momento no qual Lula tem contado votos no Congresso, não seria prudente perder o apoio de 17 deputados e três senadores.

noticia por : UOL

30 de abril de 2025 - 6:51

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