A empresa chinesa de delivery Meituan anunciou nesta segunda-feira (12) que irá lançar, nos próximos meses, o serviço de entrega de refeições Keeta no Brasil. O investimento será de R$ 5,6 bilhões.
A empresa está dentro de uma lista mais ampla de novos investimentos chineses no Brasil antecipada pela Folha e divulgada pelo governo Lula em evento organizado pela ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) em Pequim. Outros destaques são a fabricante de semicondutores Longsys e a rede de sorvetes, chás e sucos Mixue —atualmente a maior cadeia de fast food do mundo.
A Meituan, uma das maiores empresa de delivery de refeições no mundo, possui 770 milhões de usuários ativos na China e, em 2024, chegou a entregar até 98 milhões de pedidos por dia. A empresa está listada na Bolsa de Hong Kong desde 2018 e teve receita de US$ 46,65 bilhões em 2024.
Na China, a estrutura da empresa inclui aeroportos de drones, que fazem entregas aéreas para driblar o tráfego. O serviço foi testado pela Folha em 2023 e, na época, costumava demorar cerca de 15 minutos a menos que as entregas convencionais.
A marca internacional da empresa que chegará no Brasil, a Keeta, foi lançada em 2022 e atua, até agora, em Hong Kong e na Arábia Saudita.
“Estamos ansiosos para trazer o Keeta ao Brasil, com o objetivo de melhorar a experiência dos consumidores, impulsionar o crescimento dos restaurantes parceiros, e gerar mais oportunidades para entregadores em todo o país”, disse Wang Xing, fundador e CEO da Meituan, em nota. Ele participou da cerimônia de assinatura dos investimentos em Pequim junto com o presidente Lula.
A empresa começará a atuar no Brasil em meio a uma guerra de preços no mercado de entrega de comida.
No final de abril, a também chinesa 99Food anunciou que retornará ao Brasil, após atuar entre 2019 e 2023 no país. A estratégia inicial será a redução de taxas sobre restaurantes para concorrer com rivais como o iFood —empresa brasileira que domina o mercado no país— e a colombiana Rappi. A companhia prometeu passar dois anos sem cobrar mensalidade nem comissão dos estabelecimentos que se cadastrarem na plataforma.
A colombiana Rappi também afirmou que ofereceria taxa zero a restaurantes a partir de maio. O CEO negou que a mudança seria uma reação ao retorno da 99Food, e afirmou se tratar de um plano elaborado ainda em 2024 para aumentar a participação da empresa no mercado brasileiro, que gira em torno de 8% atualmente.
Antes da saída da 99Food em 2023, o mercado de delivery no Brasil já dava sinais de estresse. No ano anterior, a Uber anunciou o fim de seus serviços de entrega de refeições de restaurantes pelo Uber Eats no país. A marca era a segunda colocada no mercado, atrás do iFood.
O presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci, em reportagem sobre a guerra de preços do setor, disse à Folha que o delivery de comida no Brasil vem evoluindo nas questões concorrenciais, mas ainda enfrenta alta concentração.
Procurada, a assessoria de comunicação que responde pela Meituan no Brasil informou que ainda não foram divulgadas informações sobre como será o funcionamento da plataforma no país e a estratégia da empresa para o mercado brasileiro.
Em nota, o CEO disse que o Brasil é um grande mercado e com “potencial ainda maior”, e que espera impactar positivamente tanto usuários quanto a indústria e elevar a qualidade do serviço na região.
noticia por : UOL