17 de maio de 2025 - 14:06

Entenda o papel da alimentação no tratamento da endometriose

Não é fácil conviver com endometriose, é o que dizem milhões de mulheres que têm doença. No Brasil, estima-se que mais de 8 milhões tenham a condição, segundo dados do Ministério da Saúde.

Sendo uma doença crônica, é preciso saber fazer o manejo da condição que vai acompanhar a mulher pelo resto de sua vida. Vários são os métodos usados na ginecologia, e a alimentação pode ser uma aliada a eles. Em um estudo recente conduzido pela Universidade de Edimburgo, mulheres em tratamento testaram mudanças alimentares para tentar aliviar os sintomas da doença.

A pesquisa, considerada a maior já realizada sobre dieta e endometriose, questionou 2.599 participantes. Nela, 45% das mulheres que eliminaram o glúten ou os laticínios relataram melhora nas dores. Além disso, 43% das que reduziram o consumo de cafeína e 53% das que diminuíram a ingestão de álcool também observaram alívio dos sintomas.

Segundo ginecologistas consultadas pela Folha, a alimentação pode ser, sim, uma aliada no combate à dor, mas não a principal arma.

Para Aline Braz, 26, a mudança na alimentação foi um divisor de águas na dor da endometriose e na recuperação da cirurgia de videolaparoscopia para retirada dos focos. “Diminuí mais de 60% do glúten, retirei a lactose e também o consumo de bebidas alcoólicas. Isso foi algo que também colaborou muito no pré da minha cirurgia, realizada em fevereiro deste ano, e agora no pós-cirúrgico. Foi algo que facilitou bastante.”

Alessandra Evangelista, ginecologista especialista em Reprodução Assistida da clínica VIDA, do Fertgroup, explica que a endometriose consiste no crescimento do tecido semelhante ao endométrio fora do útero (onde ele deveria estar). Esse tecido é inflamatório, causando dor e inchaço na mulher. A alimentação, por sua vez, pode piorar essa inflamação.

“Quando a paciente consome alguns tipos de alimentos, como o álcool e o glúten, ela fica mais inflamada e, consequentemente, isso também inflama mais os focos de endometriose”, diz a ginecologista.

“Além disso, em algumas mulheres, o glúten e os laticínios podem provocar reações imunológicas agravantes”, completa a também ginecologista Fernanda Nunes, da clínica Atma Soma.

A associação da alimentação ao tratamento de endometriose, que antes envolvia somente medicamentos e cirurgia, passou a ser adotada há alguns anos, segundo Evangelista. “Começou-se a perceber que algumas pacientes, mesmo operando, mesmo com bloqueio hormonal, continuavam com dores e sem qualidade de vida”, diz a médica.

“Também percebemos que algumas pacientes se cuidavam mais, tinham acompanhamento nutricional mais adequado, evitavam consumo de álcool, laticínios, glúten, carne vermelha, e faziam consumo de substâncias anti-inflamatórias, como legumes e verduras. Essas pacientes tinham uma qualidade de vida melhor”, completa.

As ginecologistas concluem que a melhor alternativa é aliar cuidados médicos e nutricionais: “Esses estudos eles reforçam a necessidade de abordagens multidisciplinares no tratamento da condição, integrando cuidados médicos, apoio psicológico e orientações nutricionais. Por isso, antes de realizar mudanças significativas na dieta, é recomendável consultar um profissional”, diz Nunes.

“Como ginecologista, acho que toda paciente com endometriose deve ter uma orientação nutricional”, afirma Evangelista.

noticia por : UOL

17 de maio de 2025 - 14:06

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