19 de maio de 2025 - 16:00

Sob pressão, Netanyahu decide permitir entrada limitada de ajuda humanitária em Gaza

Sob pressão internacional, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira (19) que suspendeu, ainda que parcialmente, um bloqueio de suprimentos de ajuda humanitária imposto desde março a Gaza, que deixou o território à beira da fome. Em vídeo, ele citou “razões diplomáticas” para tomar a decisão.

Repórteres da Reuters observaram caminhões de ajuda se dirigindo para o norte de Gaza, após Netanyahu concordar em permitir uma quantidade limitada de ajuda em resposta à preocupação global com relatos de fome na região.

O gabinete de Netanyahu anunciou a liberação parcial da ajuda a Gaza, com a entrada de alimentos como farinha, óleo e leguminosas. Segundo a mídia palestina, 50 caminhões devem entrar ainda nesta segunda (19); a imprensa israelense fala em nove veículos com alimentos para bebês nas próximas horas.

Tel Aviv tem enfrentado crescente pressão internacional sobre o bloqueio às entregas humanitárias que adotou desde 2 de março, pouco antes de romper um cessar-fogo de dois meses, enquanto agências de ajuda alertam sobre a fome no território de 2,3 milhões de pessoas. Até o presidente dos EUA, Donald Trump, em mais um sinal do recente afastamento em relação a Netanyahu, declarou que pessoas “estão morrendo de fome” em Gaza.

O premiê disse que senadores dos EUA que ele conhece há anos como apoiadores de Israel, “nossos melhores amigos no mundo”, estavam dizendo a ele que as cenas de fome estavam drenando o apoio vital e levando Israel perto de uma “linha vermelha, a um ponto onde poderíamos perder o controle”.

“É por essa razão, para alcançar a vitória, que temos que de alguma forma resolver o problema”, disse Netanyahu, em mensagem aparentemente dirigida às alas da ultradireita em seu governo que insistiram que a ajuda fosse negada a Gaza para impedir que chegasse ao Hamas.

Netanyahu fez seu anúncio sobre ajuda depois que representantes de ambos os lados relataram nenhum progresso em uma nova rodada de conversas indiretas entre Israel e Hamas no Qatar.

O ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, que deixou o governo no ano passado após desentendimentos com Netanyahu, disse que o fato de o Hamas permanecer em Gaza representava um “fracasso retumbante” para a campanha israelense e refletia o fracasso do governo em planejar o futuro do território.

Nesta segunda (19), o premiê voltou a falar em ocupação integral do território palestino. “Há uma enorme batalha em curso. Vamos controlar todas as partes de Gaza”, disse na mensagem em vídeo. Ele prometeu alcançar a “vitória completa” com a libertação dos 58 reféns ainda mantidos pelo Hamas e com a eliminação do grupo terrorista.

Os militares israelenses, que há três dias iniciaram nova operação, alertaram os moradores de Khan Yunis, nesta segunda, para que se retirassem imediatamente em direção à costa, diante da preparação para “um ataque sem precedentes”.

Durante a noite, ataques aéreos israelenses mataram pelo menos 52 palestinos, segundo médicos locais, enquanto os militares disseram que atingiram 160 alvos nas últimas 24 horas, incluindo posições antitanque, infraestrutura subterrânea e um ponto de armazenamento de armas.

Os militares israelenses afirmaram que forças envolvidas na nova campanha, chamada de Operação Carruagens de Gideão, estavam ativas em todo o território palestino buscando eliminar as capacidades militares do Hamas e trazer de volta os reféns restantes sequestrados em outubro de 2023.

Residentes e médicos relataram que forças israelenses disfarçadas mataram Ahmed Sarhan, líder dos Comitês de Resistência Popular, em Khan Yunis, durante ofensiva terrestre contra militantes do Hamas. Sarhan resistiu antes de ser morto, e os soldados levaram sua esposa e um filho antes de recuar em um ônibus, sob cobertura aérea, de acordo com os relatos.

“Eles abriram um buraco na parede, entraram na casa e mataram o pai. Levaram uma criança de 11 anos e sua mãe, e foram embora”, disse uma testemunha, Mohammed Sarhan.

Autoridades de saúde palestinas disseram que mais de 500 pessoas foram mortas em ataques nos últimos oito dias, à medida que Israel intensificou sua campanha militar.

A guerra terrestre e aérea de Israel em Gaza resultou na morte de mais de 53 mil pessoas, principalmente civis, e no deslocamento quase total da população, conforme autoridades de saúde de Gaza, controladas pelo Hamas.

O conflito começou em 7 de outubro de 2023, após ataques terroristas do Hamas a comunidades israelenses, que causaram cerca de 1.200 mortes e o sequestro de 251 reféns.

noticia por : UOL

19 de maio de 2025 - 16:00

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