1 de junho de 2025 - 14:02

Bem-vindos à Intifada, Estados Unidos

Agora sabemos o que significa “globalizar a Intifada”.

Depois que um marxista pró-Palestina foi preso após atirar e matar Yaron Lischinsky, um cristão evangélico nascido na Alemanha, e sua namorada americana, Sarah Milgrim, em frente ao Museu Judaico da Capital, em Washington, D.C., ele gritou: “Palestina livre, livre”.

O assassino, que, segundo as autoridades, viajou de Chicago com a intenção de matar dois jovens inocentes de pouco mais de 20 anos, certamente sabia que os funcionários da embaixada eram judeus. Sua justificativa, até onde se sabe, baseou-se em um libelo de sangue milenar — a acusação infundada de que judeus cometem crimes ritualísticos —, agora reembalada para o público contemporâneo.

De fato, a difamação do “genocídio” é disseminada por pseudointelectuais patrocinados pelo Catar em universidades de elite dos Estados Unidos, por editorialistas de jornais como The New York Times e The Washington Post, por ativistas liberais, “influenciadores” paleolíticos de direita radical, potências europeias, parlamentares democratas, grandes veículos de comunicação e muitos outros.

“Palestina” — uma causa sobre a qual a maioria dos manifestantes da nova Intifada pouco conhece — substituiu o movimento Black Lives Matter como bandeira da classe ativista, moralmente vazia e perigosamente desinformada. Uma geração inteira de jovens sofreu lavagem cerebral. É apenas uma questão de tempo até que a situação se agrave.

Há poucos dias, veículos de comunicação, incluindo a NBC News, noticiaram, sem o menor traço de ceticismo, um alerta das Nações Unidas segundo o qual 14 mil bebês morreriam de fome em Gaza em 48 horas.

Dois dias? Quatorze mil bebês?

Qualquer editor ou repórter que repetisse tal afirmação absurda seria ingênuo ou desonesto demais para estar numa redação. No entanto, nesta altura, a imprensa tradicional tende a amplificar qualquer acusação infundada e desequilibrada, desde que o alvo seja considerado o “lado errado”.

Acontece que a ONU corrigiu a alegação. O relatório original indicava que poderiam ocorrer 14.100 casos de desnutrição entre crianças — e não especificamente bebês — se a ajuda humanitária não chegasse ao território ao longo do próximo ano.

Por outro lado, como ocorre com muitos relatórios da ONU, mesmo esse número provavelmente é uma estimativa inflacionada. O chamado “Ministério da Saúde de Gaza”, administrado pelo grupo terrorista Hamas, é ainda menos confiável que a ONU: não distingue entre civis e combatentes e frequentemente manipula dados sobre mortos, além de produzir encenações midiáticas — conhecidas como “Pallywood” — para sensibilizar crédulas audiências ocidentais.

A ONU já emitiu mais condenações contra Israel do que contra todas as demais nações do mundo somadas. Recentemente, a UNESCO aprovou uma resolução negando aos judeus qualquer conexão histórica com o Monte do Templo e o Muro das Lamentações, o que surpreende qualquer pessoa que tenha lido um livro de história.

Além disso, sabe-se que 12 funcionários da UNRWA — agência das Nações Unidas de assistência aos refugiados palestinos — participaram do massacre de judeus perpetrado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, não apenas oferecendo apoio logístico ou coordenação, mas efetivamente tomando parte em sequestros e assassinatos de civis.

Se a ONU fosse um país, Israel já teria motivos para declarar-lhe guerra.

Não, Israel não está “assassinando crianças em Gaza” indiscriminadamente. O governo israelense bloqueou temporariamente a entrada de ajuda humanitária porque o Hamas a confisca, vende e usa os suprimentos, inclusive alimentos, para controlar a população civil.

Quantos dos manifestantes que ocupam bibliotecas universitárias sabem que Gaza, que obteve autonomia política em 2006, depende de Israel para o fornecimento de alimentos, água potável e eletricidade? Quantos sabem que o governo israelense removeu à força milhares de colonos judeus da Faixa de Gaza, numa tentativa de desocupar a região, onde, por sua vez, os palestinos não aceitam a presença judaica — promovendo um território Judenfrei (livre de judeus)?

Vale lembrar: judeus americanos chegaram a comprar cerca de 3 mil estufas, cobrindo mais de 400 hectares, por US$ 14 milhões, e as doaram à Autoridade Palestina, com o objetivo de fomentar a autossuficiência econômica. Os palestinos destruíram as estufas. Não houve paz — porque a paz nunca foi o objetivo.

Israel tampouco ataca civis deliberadamente. Ao contrário, frequentemente emite alertas à população sobre operações militares, mesmo colocando seus próprios soldados em risco adicional. Israel está em guerra contra o Hamas, organização que lançou sobre o país um ataque equivalente ao 11 de Setembro e, em seguida, se escondeu atrás da população civil, buscando deliberadamente criar mártires.

Há, sim, sofrimento real em Gaza — causado por um dos lados do conflito. Tudo poderia terminar amanhã, caso o Hamas libertasse os reféns restantes e se rendesse.

Sejamos honestos: a realidade não importa para a turma da “Palestina Livre”. Há uma razão pela qual a intifada ocidental tem como alvos empresas judaicas, museus do Holocausto, organizações estudantis judaicas (como os Hillels), sinagogas e pessoas inocentes nas ruas de Washington, D.C. Não se trata de “cessar-fogo” ou de ajuda humanitária. A tragédia no Museu Judaico da Capital, onde Lischinsky e Milgrim foram assassinados, não teve relação com o Estado de Israel ou com o Mossad, mas sim com o Congresso Judaico Americano.

É preciso lembrar que os primeiros protestos contra Israel eclodiram na Times Square, em Nova York, e em diversos campi universitários, apenas horas após o massacre de 7 de outubro — antes mesmo que os corpos fossem identificados ou que qualquer retaliação israelense ocorresse.

O antissionismo converteu-se, hoje, na forma mais significativa de antissemitismo no mundo. Há tempos é a justificativa predominante para atos de violência e ódio contra judeus, tanto na Europa quanto no Oriente Médio. E agora, essa ideologia também chegou aos Estados Unidos.

David Harsanyi é redator sênior da Washington Examiner e colunista com distribuição nacional. Ele é coapresentador do podcast “You’re Wrong” e autor de vários livros. Assine o Substack dele.

©2025 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês: Welcome to the Intifada, America

noticia por : Gazeta do Povo

1 de junho de 2025 - 14:02

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