3 de junho de 2025 - 8:57

Presidente Eduardo Bolsonaro? Eduardo Bolsonaro presidente?

Li a entrevista de Eduardo Bolsonaro à revista “Veja” e dela concluí o óbvio: se o ex-presidente Jair Bolsonaro não puder concorrer em 2026, Eduardo Bolsonaro tentará obter a bênção paterna para se tornar, primeiro, candidato, e depois presidente do Brasil. Sobre isso, falarei mais ao longo do texto. Mas antes me permita fazer um breve comentário sobre a entrevista.

Me chamou a atenção uma pergunta feita já mais para o final da sessão de perguntas e respostas na qual, repare, não há nem a mais remota tentativa de estabelecer um diálogo. “Quando é que o senhor se descobriu de direita?”, pergunta o repórter Mauricio Lima. A resposta não importa. O curioso mesmo é o tom da pergunta. Como se Eduardo Bolsonaro estivesse saindo do armário e se confessando praticante de alguma imoralidade ideológica.

Convencimento

De resto, a entrevista é uma sucessão de afirmações feitas para convencer o eleitor de Jair Bolsonaro. O que, na minha humilde opinião, é tempo perdido. Afinal, o eleitor de Jair Bolsonaro já está mais do que convencido a votar em quem quer que o ex-presidente indique.

Seria mais interessante se Eduardo Bolsonaro buscasse convencer a direita hostilizada por ser limpinha demais. A direita chamada com desprezo de “prudente & sofisticada”.  E também a centro-direita, o centro e até os tucanos, os isentões e, por que não?, aquela parcela da esquerda que odeia Lula, Alexandre de Moraes – ou os dois.

Outros desafios

Essa coisa de propor algum tipo de diálogo num mundo que rejeita o diálogo e de transpor pequenas diferenças de objetivo e, digamos, estilo em nome de um bem maior e comum é só um dos desafios que aguardam Eduardo Bolsonaro em sua odisseia particular. E nem é o maior deles. O maior deles, a meu ver, é convencer o eleitor moderado de que, exageros retóricos à parte, o bolsonarismo tem um projeto de país no qual vale a pena apostar. De novo.

Os outros desafios? Ah, são muitos. São tantos que é até difícil acreditar que vivemos numa democracia. A começar pela volta do exilado (!) Eduardo Bolsonaro ao Brasil. Sou meio burro (“meio”), a memória me falha e estou com preguiça de perguntar à inteligência artificial, mas me parece que, na história recente, não foram muitos os presidentes eleitos no exílio e tendo o principal cabo eleitoral preso ou em vias de.

Até. O. Último. Segundo

Depois tem o STF e seu puxadinho, ou melhor, seu mocó eleitoral: o TSE. Se não existe ainda regra capaz de impedir Eduardo Bolsonaro de se candidatar à Presidência, aguarde. Só aguarde. Aguarde e confie. Tem ainda a imprensa que, a julgar pela entrevista da “Veja” (e não sei se por conveniência, burrice ou uma mistura das duas), comprou a narrativa do golpe, com direito a tentativa de assassinato de Lula e tudo. Para essa imprensa afundada até o pescoço na narrativa, Eduardo Bolsonaro está longe de ser a tábua de salvação.

É mais ou menos como o Coxa ser campeão mundial disputando uma final contra o Real Madri e perdendo o jogo por 5×0 aos 40 do segundo tempo. Dá para virar? Dar, dá. Mas lembre-se de que nessa comparação o Coxa é o Eduardo Bolsonaro, o Real Madri é o Sistema e o juiz é o Alexandre de Moraes. Mas sabe como é que é: torcedor que é torcedor acredita. Até. O. Último. Segundo.

noticia por : Gazeta do Povo

3 de junho de 2025 - 8:57

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