4 de junho de 2025 - 1:08

Ataque audacioso da Ucrânia com drones a bases estratégicas humilha a Rússia e ofusca negociações de paz em Istambul


Operação militar teria sido executada sem o conhecimento de Trump, enfraquecendo as suas promessas de obter uma rápida solução para pôr fim à guerra. Ataque da Ucrânia destrói 41 aviões de guerra da Rússia
As negociações de paz entre Rússia e Ucrânia são retomadas nesta segunda-feira em Istambul, ofuscadas pelo audacioso ataque em larga escala de drones ucranianos contra quatro bases estratégicas russas, que destruiu 41 bombardeiros com capacidade nuclear.
Batizada de “Teia de Aranha”, a operação militar foi cuidadosamente planejada durante um ano e meio e conseguiu humilhar, num golpe surpreendente, o país invasor.
Diante disso, torna-se ainda menos provável que esta segunda rodada de conversas diretas entre Rússia e Ucrânia produza algo construtivo na direção de um acordo que ponha fim à guerra de três anos, como almeja o presidente americano, Donald Trump. Num sinal que mina a credibilidade dos EUA, o engenhoso ataque ucraniano deste domingo teria sido executado sem o conhecimento da Casa Branca.
A convicção de Trump de que acabaria com o confronto no primeiro dia de seu governo dissipou-se em frustração, sobretudo, pelas sucessivas manobras de Vladimir Putin, que sequer forneceu um memorando delineando suas exigências para um cessar-fogo.
O presidente americano tentou inutilmente enquadrar Zelensky e depois Putin para um acordo de paz. Ultimamente, ele tem emitido sinais de que deseja afastar-se do confronto e deixá-lo por conta de seus próprios protagonistas, mas agora parece ser tarde demais para simplesmente abandonar o confronto.
Putin enviou para Istambul o assessor e ex-ministro da Cultura Vladimir Medinsky, que atuou nas fracassadas negociações de 2022 e na primeira rodada de Istambul. Nas palavras do cético presidente ucraniano, que mandou seu ministro da Defesa, Rustem Umerov, a delegação russa é de segundo escalão.
Embalado pela eficácia do ataque, executado a cinco mil quilômetros do alvo, Zelensky reforçou em três pilares as condições para uma proposta de paz: cessar-fogo total, sob a monitoração dos EUA, a libertação de todos os prisioneiros e retorno das crianças ucranianas retiradas à força do país.
Ele descartou a retirada de forças ucranianas do território reivindicado pela Rússia e qualquer condição extrema que represente o fim da Ucrânia como nação soberana, como vem alardeando Putin.
Depois da bem-sucedida operação do domingo, que, pelo fator surpresa, suscitou comparações a Pearl Harbour na versão russa, Zelensky ganhou fôlego e exibiu músculos. As conversas em Istambul, contudo, recomeçam esvaziadas.
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (à esquerda), e o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
REUTERS/Alina Smutko/File Photo/Maxim Shemetov
Como são os drones com cabos de fibra óptica usados na guerra com a Ucrânia.
Arte/g1
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Fonte: G1

4 de junho de 2025 - 1:08

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