23 de janeiro de 2025 - 11:27

PF ainda não abriu inquérito para investigar soldado israelense que esteve no Brasil

A PF (Polícia Federal) ainda não abriu inquérito policial para investigar Yuval Vagdani, soldado israelense que passava as férias no Brasil, e é acusado de praticar crimes de guerra no conflito na Faixa de Gaza.

O caso segue sendo tratado como apuração preliminar, protocolada na sexta-feira (3), na Superintendência da PF no Distrito Federal. A decisão da Justiça em Brasília que determinou o início das investigações é de 30 de dezembro.

Nessa fase preliminar, as informações são avaliadas para identificar um possível indício de crime, mas não há designação de um delegado que possa requisitar à Justiça medidas como buscas ou prisões.

Procurada, a Superintendência da PF no Distrito Federal não quis se manifestar.

Em nota anterior, de domingo (5), a PF disse analisar adoção de medidas pertinentes e ressaltou que não havia ordem de restrição da movimentação do cidadão.

Segundo apurou a Folha, o caso tramitou internamente e estacionou na Corregedoria da Superintendência. Agora, os policiais federais avaliam a pertinência de abrir o inquérito em meio à repercussão do episódio.

O israelense deixou o Brasil na madrugada de domingo (5) após a Justiça do Distrito Federal mandar a PF abrir uma investigação contra ele. Ele embarcou em um voo da capital federal para Salvador, onde foi questionado por policiais.

Em depoimento de praxe no aeroporto da capital baiana, Vagdani informou onde havia se hospedado e a motivação da viagem e foi dispensado.

A decisão da Justiça em Brasília atendeu o pedido de advogados brasileiros que representam a Fundação Hind Rajab, entidade pró-Palestina, que diz monitorar possíveis autores de crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza.

“Após cumprir seu serviço militar como membro do 432º Batalhão das Brigadas Givati e, de maneira sorridente e debochada, documentar a própria participação no cometimento de crimes de guerra, o noticiado [Vagdani] viajou com amigos e encontra-se neste momento em Morro de São Paulo, conforme registro publicado por ele próprio na rede social Instagram em 25 de dezembro de 2024”, afirmaram na petição os advogados Maira Pinheiro e Caio Patricio de Almeida

O teor da decisão chegou ao conhecimento dos policiais federais no próprio dia 30 de dezembro, no entanto, o caso avançou para NVC (Notícia de Verificação de Crime) só na sexta-feira (3).

O isralense passava férias no Brasil desde de dezembro em Morro de São Paulo, no município baiano de Cairu. A entidade pró-Palestina recebeu informações sobre a presença de Yuval e entrou com uma petição na Justiça Federal da Bahia.

A vara baiana decidiu enviar para a Justiça do Distrito Federal por considerar o local mais adequado para a tramitação por envolver não residente no Brasil.

A advogada Maira Pinheiro, que também assina a petição para abertura de investigação contra o soldado israelense, disse que recebeu ameaças.

Ela afirmou à Folha que vem sofrendo ataques machistas e intimidações contra a sua filha nas redes sociais.

Em nota, a embaixada de Israel em Brasília disse que a organização estrangeira que fez a “está explorando de forma cínica os sistemas legais para fomentar uma narrativa anti-Israel tanto globalmente quanto no Brasil”.

A representação diplomática disse ainda que Israel exerce seu direito à autodefesa após os ataques terroristas cometidos pelo Hamas em 7 de outubro de 2023.


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noticia por : UOL

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