O Grupo Petrópolis, dono de marcas de cerveja como Itaipava, Petra e Cacildis, chegou a um acordo de financiamento no modelo DIP (“devedor em posse”) de R$ 328 milhões com o Banco Original, controlado pela J&F Participações, holding que detém as empresas financeiras do grupo J&F, dos irmãos Batista.
O empréstimo, aprovado em dezembro de 2024, foi necessário porque as projeções de fluxo de caixa em que foi baseado o plano de recuperação judicial do grupo, vigente desde o final de 2023, não se confirmaram. O administrador judicial da companhia foi favorável à contratação da linha de crédito.
Segundo a empresa, os novos recursos serão destinados a recompor o capital de giro, necessários ao custeio das operações de aquisição de malte e maltose, e irão liberar parcela do caixa para pagamento do saldo de debêntures.
“Esse tipo de linha de crédito é um instrumento financeiro previsto na legislação que permite à empresa injetar recursos no caixa, necessários para despesas correntes, como a compra de matérias-primas. Esse aporte permite que sejam honrados compromissos financeiros assumidos pela companhia, sem afetar a operação”, disse a empresa, em nota.
Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, os irmãos Batista, controladores da JBS e do grupo J&F, estudam comprar uma participação no Grupo Petrópolis. A fabricante de bebidas, no entanto, não confirma nem nega a aproximação.
“O Grupo Petrópolis, assim como outras empresas com atuação relevante no mercado, é constantemente apontado como alvo de players nacionais e internacionais interessados em entrar no mercado brasileiro de cerveja”, disse a empresa. Procurada, a J&F não respondeu até a publicação desta reportagem.
O grupo cervejeiro entrou com o pedido de recuperação judicial em 27 de março de 2023, informando dívidas de R$ 4,2 bilhões, sendo R$ 2 bilhões em operações financeiras e mercados de capitais e R$ 2,2 bilhões a fornecedores.
Seu plano de recuperação judicial foi homologado em outubro daquele ano, prevendo o pagamento de 5.000 credores até 2035. A maioria dos que têm valores a receber de empresas do grupo aprovou o plano em assembleia realizada em setembro de 2023.
Além da Itaipava, o grupo fabrica e distribui as cervejas Petra, Cabaré , Black Princess, Crystal, Lokal, Weltenburger, Brassaria Ampolis (com os rótulos Cacildis, Biritis, Ditriguis e Forevis).
O portfólio inclui também as vodcas Blue Spirit Ice, Nordka e Cabaré Ice, os energéticos TNT Energy Drink e Magneto, o refrigerante It!, o isotônico TNT Sports Drink e a água Petra.
O Grupo Petrópolis foi fundado em 1998 por Walter Faria, após atuar como principal distribuidor do Grupo Schincariol. Na ocasião, Faria adquiriu a Cervejaria Petrópolis, pequena planta industrial localizada em Itaipava, no Rio de Janeiro, distrito da cidade serrana homônima, para iniciar a sua atuação no segmento de bebidas.
Somadas, as oito unidades fabris do Grupo Petrópolis hoje possuem capacidade instalada para produzir mais de 52,4 milhões de hectolitros de bebida, mas, após a crise, produz cerca de 21 milhões de hectolitros, aproximadamente 40% de sua capacidade instalada total.
Em 2010, o Grupo Petrópolis diversificou suas atividades, passando a atuar no setor de geração e comercialização de energia, por meio da aquisição de participação na Electra Power, holding que possuía pequenas centrais hidrelétricas em operação e construção.
Os donos da Petrópolis disseram, no pedido de recuperação, que sua crise de liquidez era momentânea e ligada ao que chamou de “tempestade perfeita”, com a queda em vendas e receitas sendo acompanhada pelo aumento da taxa básica de juros, a Selic.
noticia por : UOL