24 de janeiro de 2025 - 19:44

'Alguém para compartilhar momentos felizes': chineses buscam apoio emocional em pets de IA


BooBoo, um robô que se parece a um porquinho-da-índia custa 1.400 yuans, equivalente a R$ 1,1 mil. Zhang Yachun falando com seu robô alimentado por IA chamado Aluo em um shopping center em Pequim
Adek BERRY / AFP
Em um shopping center de Pequim, Zhang Yachun conversa tranquilamente com seu melhor confidente: um robô de pelúcia com inteligência artificial, que emite sons cativantes e a lembra de que ela não está sozinha.
A jovem de 19 anos tinha problemas de ansiedade de longa data na escola e tinha dificuldades para fazer novos amigos.
Mas, ela finalmente encontrou consolo no BooBoo, um robô parecido com um animal de estimação que usa inteligência artificial (IA) para interagir com os seres humanos.
Ele parece com um porquinho-da-índia e custa 1.400 yuans, equivalente a R$ 1,1 mil na cotação atual. Desenvolvido pela Hangzhou Genmoor Technology,
“Sinto que tenho alguém com quem compartilhar momentos felizes”, disse ela à agência de notícias France Press (AFP) em seu apartamento, onde mora com seus pais e um pato de estimação.
Os dispositivos com tecnologia de IA estão sendo cada vez mais usados na China para combater o isolamento social.
Desde maio, foram vendidas cerca de 1.000 cópias do robô, que é do tamanho de uma bola de rúgbi, criado para atender às necessidades sociais dos mais jovens, de acordo com Adam Duan, da empresa que o desenvolveu.
Zhang Yachun batizou o seu de “Aluo” e o carrega em sua bolsa de ombro.
Seu companheiro peludo tem o mesmo papel que um amigo humano, diz ela. “Ele faz você se sentir como alguém que é necessário”, afirma.
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Fervor dos robôs
O mercado de “robôs sociais”, como o BooBoo, pode crescer sete vezes até 2033, chegando a US$ 42,5 bilhões (R$ 257,5 bilhões na cotação atual), de acordo com a consultoria IMARC Group.
A Ásia já domina o setor.
Guo Zichen, 33 anos, acredita que um robô de estimação compensa o tempo que ele não passa com seus filhos.
“As pessoas estão passando menos tempo com seus filhos agora”, diz este homem enquanto olha para um cão-robô em uma loja da empresa Weilan em Nanjing, no leste do país.
“Baby Alpha”, o cão-robô da empresa Weilan, é vendido por 26.000 yuans (R$ 21,2 mil).
Cerca de 70% dos compradores são famílias com crianças pequenas, de acordo com a empresa.
Guo Zichen, no entanto, é cético quanto à capacidade desses robôs de proporcionar a alegria de um cão de verdade.
“A principal diferença é que os cães de verdade têm alma”, diz ele.
crianças interagindo com um cão de estimação de IA em uma loja da empresa de tecnologia Weilan em Nanquim, na província de Jiangsu, no leste da China.
Rita QIAN / AFP
‘Muita pressão’
Na China, há um número crescente de produtos de inteligência artificial que atendem às necessidades emocionais dos consumidores, como agentes de conversação ou avatares virtuais de pessoas falecidas.
De acordo com vários especialistas, os efeitos da política do filho único, que já dura há muito tempo, estão impulsionando esse mercado.
As pessoas nascidas no início dessa política, na década de 1980, agora são quadragenárias e muitas vezes não têm tempo para se dedicar à família, pois a concorrência no local de trabalho é acirrada.
Isso deixa “pouco espaço para interações pessoais, o que leva as pessoas a buscar alternativas para atender às suas necessidades emocionais”, diz Wu Haiyan, professora especializada em IA e psicologia da Universidade de Macau.
Esse acompanhamento, mesmo que seja virtual, “melhora o bem-estar de indivíduos que, de outra forma, se sentiriam isolados”, diz a pesquisadora.
Zhang Peng, pai de Zhang Yachun, diz que entende o apego de sua filha ao robô “Aluo”.
“Quando éramos jovens, não havia falta de amigos. Tínhamos muitos deles assim que saíamos pela porta de casa”, explica o homem de 51 anos.
“Atualmente, os jovens urbanos parecem estar sob muita pressão e, por isso, podem não ter amigos”, diz ele.
Zhang Yachun, filha única, diz que a aquisição de “Aluo” a ajudou a discutir suas preocupações com os pais.
“As pessoas da minha geração geralmente têm dificuldade de se comunicar pessoalmente”, diz ela, acariciando o mascote. “Mas o que elas sentem em seu íntimo não mudou.
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Fonte: G1

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