7 de abril de 2025 - 18:05

Netanyahu se reúne com Trump em meio a expansão em Gaza, tarifas e protestos

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, visita os Estados Unidos nesta segunda-feira (7) para falar com o presidente Donald Trump sobre a Faixa de Gaza, os reféns israelenses e o novo regime tarifário do governo americano —que aumentou a sobretaxa média de importados com origem em Israel para 17%.

“Espero poder ajudar nesta questão. Essa é a intenção [da visita]”, disse Netanyahu sobre as tarifas, neste domingo, quando embarcou na Hungria, onde se encontrou com o premiê Viktor Orbán, em desafio ao mandado do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra ele.

“Há uma longa fila de líderes que querem fazer isso [conversar com Trump] em relação às suas economias. Acho que isso reflete o vínculo pessoal especial, assim como os laços especiais entre os EUA e Israel, que são tão vitais neste momento”, afirmou o premiê, que já se encontrou com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.

O gabinete de Netanyahu disse também que estarão na agenda as relações entre Israel e Turquia, o Irã e o TPI.

O avião de Netanyahu seguiu uma rota de voo com 400 km a mais para evitar sobrevoar países que potencialmente cumpririam o mandado de prisão emitido contra ele pelo TPI, caso o avião fosse forçado a fazer um pouso de emergência, por exemplo, de acordo com o jornal The Times of Israel.

Como Israel acredita que Irlanda, Islândia e Holanda cumpririam a ordem do tribunal, emitido por supostos crimes de guerra em Gaza, o avião do premiê voou sobre a Croácia, Itália e França.

Netanyahu também foi duramente criticado por opositores neste início de semana. O líder opositor Yair Lapid afirmou que Netanyahu quer que o Shin Bet, o serviço de segurança interna do país, seja sua “organização de segurança pessoal” —houve troca recente e inédita no comando do órgão que foi barrada pelo Supremo.

Já Benny Gantz, que chegou a fazer parte do gabinete de guerra de Netanyahu, afirma que o premiê “perdeu todos os limites que é possível imaginar” e “está fazendo de tudo para permanecer no poder”.

Enquanto isso, familiares de reféns e vítimas do ataque do Hamas no 7 de outubro de 2023 marcaram um ano e meio desde os atentados com protesto em frente à casa de Netanyahu.

“É o assunto mais importante do dia. Precisamos trazer todos de volta, os vivos para reabilitação e os mortos para sepultamento, para que possamos ter um futuro melhor aqui”, ele Erez Adar, que teve o tio, Tamir Adar, morto nos ataques do grupo terrorista.

Gil Dickmann, cujo primo Carmel Gat foi morto durante o cativeiro, apelou ao presidente americano durante o protesto. “Presidente Trump, por favor. Já faz um ano e meio. Há apenas uma palavra possível para gritar agora: basta, basta desse pesadelo”, diz, segundo o jornal Times of Israel.

Além disso, palestinos na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental iniciaram uma greve nesta segunda-feira pelo fim do conflito. Diversos grupos e facções chamaram a greve, incluindo o Fatah e o Hamas. Cidades da região amanheceram com ruas desertas, lojas fechadas e escolas e repartições públicas vazias.

Israel expandiu suas operações terrestres em Gaza nas últimas semanas com novas ordens de retiradas para palestinos no território, principalmente nas porções norte e sul, objetivando a concentração da população local em uma fatia restrita, central e na costa da área conflagrada.

O movimento militar aumenta o controle de Israel em Gaza, com a criação de um terceiro corredor entre as cidades de Rafah e Khan Yunis, no sul, e o aumento das zonas restritas na fronteira entre Gaza e Israel.

De acordo com análise do professor israelense Yaakov Garb, citada pela agência Associated Press, essa expansão corresponde a cerca de 50% de Gaza. A AP falou também com cinco soldados israelenses que fizeram a segurança de equipes de demolição de estruturas nas zonas restritas. “Destruíram tudo o que puderam. [Os palestinos] não terão nada para o que voltar, não voltarão nunca”, disse um deles, sob anonimato.

Israel atingiu tendas do lado de fora de dois grandes hospitais na Faixa de Gaza durante a noite, matando ao menos 2 pessoas, incluindo um jornalista local, e ferindo outras 9, incluindo 6 repórteres, segundo médicos do território palestino.

Outras 15 pessoas teriam sido mortas em ataques separados em todo o território, de acordo com hospitais da área, cujo Ministério da Saúde é controlado pelo Hamas. Os números não puderam ser verificados de forma independente.

Neste domingo (6), o Exército israelense disse ter interceptado a maioria de vários foguetes lançados de Gaza contra o país. Em um comunicado, Netanyahu afirmara que a ação teria “uma forte resposta”.

noticia por : UOL

7 de abril de 2025 - 18:05

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