16 de abril de 2025 - 1:32

Novo single de Barbarize, 'Aquitaquente', une frevo, hardcore e denúncia

Tem dias em que a cidade parece estar suando por dentro. O asfalto ferve, o corpo responde, e a música que toca na rua não é trilha sonora — é termômetro. “Aquitaquente”, a nova faixa do Barbarize, nasce dessa temperatura, desse colapso entre calor e urgência, entre festa e revolta.

Formado por Bárbara Vitória e YuriLumin, o Barbarize é uma performance permanente. Nascido na comunidade do Bode, que fica no bairro do Pina em Recife, eles fazem do som uma extensão do corpo e do corpo uma arma política. A faixa mistura frevo, afropop e hardcore — uma fusão que parece improvável, mas que pulsa com naturalidade quando se entende o Recife como um território onde a tradição nunca andou sozinha.

A referência ao Buraka Som Sistema ajuda a localizar o ponto de ebulição: um tipo de beat que não é pra ouvir parado. Mas, diferente do hype europeu das pistas, Barbarize fala do calor de Recife, do carnaval com tubarão, da dança que também é denúncia. É como se Chico Science tivesse reencarnado em pista de dança com vocoder e coturno.

Enquanto a indústria ainda tenta entender como monetizar corpos dissidentes, Barbarize vai montando seu próprio circuito: da Praça Roosevelt às casas independentes do Recife, do clipe filmado na TVU até o visualizer no centro de São Paulo. “Nosso som é um convite pra expressar potência”, diz Bárbara. Mas é mais do que isso — é um grito de território.

Em um cenário onde até a estética da resistência virou commodity, Barbarize não vende imagem: entrega linguagem. Com “Aquitaquente”, o duo consolida uma proposta musical que não busca validação, mas afirma território. Enquanto a indústria independente se curva a algoritmos, eles devolvem ao som sua função original — comunicar, tensionar e mover. O Brasil pode esfriar na política e na arte, mas do Pina segue vindo fogo.


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noticia por : UOL

16 de abril de 2025 - 1:32

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