Estudantes da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) fazem, nesta terça-feira (20), paralisação para denunciar casos de discriminação racial na instituição.
Puxado pelo coletivo de alunos negros, o Saravá, o movimento pede ações concretas contra graduandos, professores e funcionários envolvidos em casos de preconceito. Eles exigem uma resposta mais ágil da reitoria.
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Além disso, os estudantes propõem a elaboração de um currículo antirracista para todas as faculdades e um curso de letramento racial para docentes.
A nova reitoria da PUC-SP, que assumiu neste ano, diz estar ciente das denúncias de racismo ocorridas anteriormente, “todas acolhidas e todas em análise”.
“Nos últimos anos, estudantes de toda a PUC-SP relataram diversos casos de abuso, assédio, preconceito e descaso presentes dentro de salas, corredores, eventos internos e externos da faculdade. E nestes anos, nunca tivemos uma devolutiva factual e efetiva da universidade, na verdade, tivemos cada vez mais repressão, perseguição e omissão”, diz o Saravá.
O coletivo recebe anonimamente histórias de estudantes discriminados. Os casos envolvem estigmatização por ser negro e bolsista, incluindo suposições de inferioridade intelectual, racismo velado, sensação constante de solidão e não pertencimento e abordagens preconceituosas em sala.
Num dos relatos, ocorrido em meados de 2024, uma aluna —a única não branca da turma— afirma que uma professora, após perder o celular, a acusou de roubo e pediu para olhar sua bolsa, justificando que o aparelho poderia ter deslizado para dentro dela.
A graduanda abriu um boletim de ocorrência por injúria racial e levou o caso à ouvidoria da universidade, que propôs uma conversa frente a frente para resolução do conflito. A denunciante recusou.
Na secretaria de educação do curso, ela diz que foi obrigada a repetir o enredo várias vezes para professores diferentes. Eles prometeram conversar com a colega envolvida. Dias depois, informaram que a aluna teria, de qualquer maneira, aula com aquela docente novamente. Ela seria a única com formação para dar a disciplina.
As opções apresentadas foram trancar a disciplina ou seguir em frente.
Por outras denúncias de injúria racial, a especialista foi removida da matéria então ministrada. Mas, voltou à grade da denunciante, em outra aula. Todas as sextas-feiras, elas se encontram.
A estudante afirma ter recebido várias mensagens da docente no WhatsApp. A mulher dizia que não era racista, que tinha amigos pretos e até já beijou pessoas pretas.
Segundo a jovem, a PUC foi procurada novamente e disse que a profissional não seria demitida por estar há mais de 40 anos na casa, tornando o desligamento muito caro.
Os graduandos paralisados terão uma reunião com a reitoria nesta tarde. Além das demandas raciais, eles pedem por políticas de permanência estudantil, redução do preço do restaurante universitário pela metade (hoje um prato sai por R$ 18,50) e duas refeições gratuitas para todos os bolsistas.
noticia por : UOL