10 de março de 2025 - 14:49

Sucessor de Trudeau, Mark Carney deverá convocar eleições para tentar legitimar-se como o premiê mais capacitado para enfrentar a guerra de Trump no Canadá


Novato na política e sem assento no Parlamento, novo primeiro-ministro quer aproveitar a maré favorável aos liberais diante dos conservadores canadenses, associados ao presidente americano. Mark Carney, faz um discurso ao ser apresentado durante o anúncio da liderança liberal em Ottawa, Ontário, domingo, 9 de março de 2025.
Sean Kilpatrick/The Canadian Press via AP
Eleito sucessor de Justin Trudeau como líder do Partido Liberal e novo primeiro-ministro canadense, o ex-banqueiro Mark Carney fez saber no discurso de vitória o tamanho do desafio que o espera. A principal ameaça ao país vem de fora e tem nome: Donald Trump.
Ironicamente, ao intimidar o Canadá com pesadas tarifas econômicas, o presidente americano fortaleceu os liberais, que escolheram neste domingo (9), por ampla maioria, Carney para chefiar o governo.
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O novo chefe de Governo nunca ocupou um cargo eletivo e não tem assento no Parlamento, no qual os liberais estão em minoria. Mas ele foi bastante assertivo ao reagir aos propósitos de Trump, que gostaria de ter o país como o 51º estado americano.
“O Canadá nunca, jamais, fará parte da América de nenhuma maneira, forma ou formato. Não pedimos por essa luta, mas os canadenses estão sempre prontos quando alguém abaixa as luvas”, afirmou Carney. Isso significa, em outras palavras, tornar o país menos dependente dos EUA e manter as retaliações às tarifas impostas por Trump, se necessário.
Embora não tenha ocupado cargos políticos, Carney adquiriu a frieza necessária para o gerenciamento de turbulências econômicas. Foi governador do Banco do Canadá durante a crise de 2008 e do Banco da Inglaterra nas negociações do Brexit. Agora se diz pronto para enfrentar a guerra comercial de Trump, que tem potencial para levar a economia do país a uma recessão. Leia mais sobre quem é Mark Carney.
“Eu sei que estes são dias sombrios, causados por um país no qual não podemos mais confiar. Estamos superando o choque, mas nunca devemos esquecer as lições: temos que cuidar de nós mesmos e devemos cuidar uns dos outros. Precisamos nos unir nos dias difíceis que virão”, disse Carney.
O primeiro passo deverá ser a convocação de eleições gerais, aproveitando a maré agora favorável aos liberais, para reforçar a legitimidade no Parlamento. Até a chegada de Trump à Casa Branca, o partido de Trudeau estava fadado a uma derrota retumbante para os conservadores.
Liderado pelo populista Pierre Poilievre, o partido opositor, contudo, despencou nas pesquisas após a ofensiva do presidente americano contra o Canadá. A imagem de agente de mudança construída pelo conservador foi imediatamente associada ao movimento trumpista nos EUA, deixando-o vulnerável à irritação dos canadenses.
Ainda que bastante desgastado por quase uma década sob o comando de Trudeau, o Partido Liberal ganhou fôlego na defesa ufanista do país diante do vizinho do Sul, ofuscando os temas domésticos. Carney foi eleito no domingo por 86% dos liberais e terá como desafio manter o ânimo de seus correligionários e estendê-lo para as demais correntes políticas em uma eleição geral, que ele deve convocar em breve.
As pesquisas são favoráveis ao novo premiê quando o assunto é Trump —afinal, é em torno dele que se tratará a eleição canadense. Uma sondagem do Instituto Angus Reid revelou que 43% dos eleitores consideram Carney como o melhor candidato para enfrentar o presidente americano, enquanto 34% escolheriam o conservador Poilievre.
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Fonte: G1

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