20 de abril de 2025 - 0:40

Imigrante salvadorenho deportado se reúne com senador americano

O imigrante salvadorenho Kilmar Ábrego García, deportado por engano pelo governo de Donald Trump, reuniu-se com o senador democrata norte-americano Chris Van Hollen num local que aparenta ser um restaurante, segundo fotografias publicadas nesta quinta-feira (17) no X, antigo Twitter, pelo congressista e pelo presidente Nayib Bukele.

Ábrego tinha sido levado, no dia 16 de março, para a prisão de segurança máxima construída em El Salvador por Bukele para membros de gangues, onde foram detidos cerca de 280 venezuelanos e salvadorenhos expulsos por Trump, acusados de serem criminosos.

Nas imagens divulgadas nesta quinta-feira, Ábrego surge com uma camisa de xadrez e um boné, sentado à mesa com Van Hollen.

“Disse que o meu principal objetivo nesta viagem era reunir-me com Kilmar. Esta noite tive essa oportunidade. Liguei à sua esposa, Jennifer, para transmitir a sua mensagem de carinho”, afirmou o senador na rede X.

Ao partilhar também uma foto do encontro, Bukele ironizou: “Kilmar Ábrego García, milagrosamente ressuscitado dos ‘campos de extermínio’ e da ‘tortura’, agora a tomar margaritas com o senador Van Hollen no paraíso tropical de El Salvador.”

Erro administrativo

Em março de 2025, Kilmar Abrego García foi detido por agentes do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE, na sigla em inglês) enquanto dirigia com seu filho pequeno no estado de Maryland, nos Estados Unidos.

Três dias depois, sem aviso prévio, processo legal ou audiência, ele foi deportado para El Salvador —país de onde havia fugido ainda adolescente em decorrência da violência de gangues. A deportação ocorreu apesar de uma ordem judicial vigente que proibia sua remoção do território americano. O governo dos EUA posteriormente admitiu que o episódio foi resultado de um erro administrativo.

A Justiça então determinou o retorno imediato de García, mas o governo afirmou que não poderia obrigar El Salvador a devolvê-lo. Até aquele momento, Kilmar era mantido preso em uma penitenciária de segurança máxima conhecida por abrigar membros de gangues — o mesmo tipo de violência da qual ele fugiu mais de uma década antes.

Na última terça-feira (15), os advogados do governo Trump reiteraram a hipótese de que os EUA não têm capacidade de interceder junto ao governo de Nayib Bukele, aliado próximo do presidente americano, e negociar a liberação de Garcia.

Esse foi o mesmo argumento apresentado pela Casa Branca à Suprema Corte quando o caso foi avaliado pelo órgão máximo do Judiciário dos EUA —que decidiu contra o governo e determinou que as autoridades precisam possibilitar a volta do imigrante salvadorenho ao território americano.

Da chegada aos EUA à deportação

Kilmar Abrego García nasceu em julho de 1995, em San Salvador, capital de El Salvador. Filho mais novo de uma família trabalhadora, cresceu ao lado da mãe, que mantinha um pequeno comércio de alimentos vendendo pupusas, prato típico do país. A presença de gangues violentas era constante no bairro onde moravam.

Quando o grupo Barrio 18 tentou extorquir dinheiro do comércio da família, ameaçou forçar seu irmão mais velho a se unir ao grupo. Para protegê-lo, a família o enviou aos EUA. Tempos depois, ele também passou a ser alvo de ameaças diretas e, aos 16 anos, fugiu sozinho para os EUA, atravessando a fronteira em 2011.

No estado de Maryland, passou a trabalhar com construção civil e iniciou uma nova vida. Em 2016, conheceu Jennifer Stefania Vasquez Sura, uma cidadã americana com quem se casaria três anos depois. O casal teve um filho, nascido nos EUA, e juntos também criam dois filhos de Jennifer de um relacionamento anterior, ambos com deficiência. García comparecia regularmente às exigências das autoridades migratórias.

Em 2019, ele foi detido em um estacionamento enquanto buscava trabalho como diarista. Um homem o acusou de ser membro da gangue salvadorenha MS-13, mas a acusação não foi comprovada e ele não chegou a ser indiciado por nenhum crime. Apesar disso, o governo seguiu com o processo de deportação, baseando-se em argumentos frágeis, como as informações de um policial posteriormente suspenso por má conduta. Um juiz, no entanto, reconheceu que ele corria risco de vida se retornasse a El Salvador e concedeu a ele o status de “retenção de remoção” — proteção legal que o autorizava a viver e trabalhar nos EUA, ainda que sem direito à residência permanente.

noticia por : UOL

20 de abril de 2025 - 0:40

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